Governança Democrática - 3ª Edição | Page 158

A governança democrática requer a revalorização da política e do político eleito, ao situar as relações entre o governo e a política de um modo muito diferente do governo provedor e gestor e, muito especialmente, do modo gerencial de governar. O governo provedor e a crise da política local A crise do governo que estabelece a relação principal com a cidadania por meio da oferta de recursos financiados com fundos públicos e da gestão de serviços públicos, como já observado, deve-se ao fato de que o gasto público sobre o PIB atinge cifras próximas ou superiores a 50%. Os governos já não podem confiar que seus gastos sejam suficientes para satisfazer as necessidades sociais, cada vez mais amplas e complexas. Por outro lado, a perspectiva da sociedade em rede ou interdependente mostra que a resposta aos desafios sociais é coletiva, uma pluralidade de atores intervém, e o envolvimento de amplos setores da cidadania se torna necessário. A continuidade do governo provedor e do modo gerencial de governar, em especial, uma vez quebradas as bases que o sustentam, provoca, em boa medida, a desvalorização da política e do político vivida pelas sociedades democráticas. Hoje, quanto mais se estende a democracia no planeta, menos valorizada ela se encontra em muitos países. A substituição do governo provedor faz-se necessária para a revitalização da democracia entre os cidadãos, pelos seguintes motivos: • A política parece ser menos relevante no modo como as pessoas veem os seus destinos individuais e coletivos. A restrição da oferta de novos recursos, sem visualizar um novo paradigma de governo, significa que os governos democráticos não respondem às novas necessidades sociais, o que acaba produzindo desvalorização e descrédito da política e do político. 156 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades