A governança democrática requer a revalorização da política e do político eleito, ao situar as relações entre o governo e
a política de um modo muito diferente do governo provedor e
gestor e, muito especialmente, do modo gerencial de governar.
O governo provedor e a crise da política local
A crise do governo que estabelece a relação principal com a
cidadania por meio da oferta de recursos financiados com
fundos públicos e da gestão de serviços públicos, como já observado, deve-se ao fato de que o gasto público sobre o PIB atinge
cifras próximas ou superiores a 50%. Os governos já não podem
confiar que seus gastos sejam suficientes para satisfazer as
necessidades sociais, cada vez mais amplas e complexas. Por
outro lado, a perspectiva da sociedade em rede ou interdependente mostra que a resposta aos desafios sociais é coletiva, uma
pluralidade de atores intervém, e o envolvimento de amplos
setores da cidadania se torna necessário.
A continuidade do governo provedor e do modo gerencial
de governar, em especial, uma vez quebradas as bases que o
sustentam, provoca, em boa medida, a desvalorização da política e do político vivida pelas sociedades democráticas. Hoje,
quanto mais se estende a democracia no planeta, menos valorizada ela se encontra em muitos países.
A substituição do governo provedor faz-se necessária para
a revitalização da democracia entre os cidadãos, pelos
seguintes motivos:
• A política parece ser menos relevante no modo como as pessoas
veem os seus destinos individuais e coletivos. A restrição da
oferta de novos recursos, sem visualizar um novo paradigma
de governo, significa que os governos democráticos não
respondem às novas necessidades sociais, o que acaba produzindo desvalorização e descrédito da política e do político.
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades