Governança Democrática - 3ª Edição | Page 155

Tudo isto faz com que estejam sendo produzidas mudanças nas respostas da sociedade aos desafios sociais. Na atualidade, nenhum setor, seja público ou privado, dispõe de toda a informação e, muito menos, da capacidade de atuação para fazer frente às demandas da sociedade. Conclusão: da gerência à governança Hoje, é preciso trocar o modo gerencial de governar pela gestão relacional ou das interdependências próprias da governança. As principais razões são: • Estamos diante de novas formas de desigualdade e pobreza, distintas do não acesso a determinado nível de benefícios econômicos e serviços que justificaram o aparecimento do governo provedor. Ante as novas formas de desigualdade relativas aos capitais cultural e social e à dualização digital etc., a prestação pública continua sendo necessária, mas é absolutamente insuficiente. • O surgimento de desafios e necessidades intangíveis torna ineficaz uma ação baseada nos recursos econômicos e na prestação de serviços. • O gasto público, que supera 50% do PIB, pode crescer, mas de maneira lenta. Já as necessidades e desafios sociais disparam. Isto é, as necessidades crescem em proporção geométrica enquanto os recursos públicos crescem em proporção aritmética. O crescimento das necessidades sociais e a busca de novos caminhos para sua satisfação são sinônimo de progresso. • A multiplicação de agentes no âmbito do bem-estar social implica o reposicionamento do papel do governo p ara assegurar a qualidade e a coordenação da oferta para que esta possa chegar a todos e, especialmente, aos cidadãos mais necessitados e vulneráveis. Tudo isso exige um novo posicioGovernança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 153