globalização, e que esta, inevitavelmente, gera mais desigualdade e exclusão. Há uma pluralidade de vias para organizar a
crescente interdependência das distintas partes do mundo. As
estratégias de ação são hoje possíveis e devem ser dirigidas para
a transformação necessária e eficaz da organização social do
mundo. Um dos principais atores desta transformação são as
cidades, e, muito especialmente, as políticas e estratégias urbanas.
Já afirmamos que o global emerge do urbano. Por isto, com
a organização da cidade e com o modelo de desenvolvimento
que nossas cidades escolherem, é possível contribuir de maneira
decisiva à organização da sociedade futura em nível mundial. As
cidades formam uma rede de nós urbanos, com distintos níveis,
com distintas funções, que se estendem por todo o planeta e que
funcionam como centro nevrálgico da nova sociedade mundial.
Deste ponto de vista, é um erro de graves consequências
sociais fixar-se apenas nos aspectos da concorrência entre as
cidades, como tantas vezes se faz, e deixar de contemplar e fortalecer as relações de complementaridade e colaboração entre elas.
As cidades, e em especial os governos urbanos responsáveis,
devem assumir de maneira progressiva a gestão dos processos
de suas próprias mudanças e, de maneira coordenada entre
elas, o avanço na direção de uma maior coesão social em nível
continental e intercontinental. Os governos das cidades devem
articular a ação local com a global.
Neste sentido, na primavera do ano 2000, as principais
federações e associações internacionais de cidades se reuniram
em Valência a convite do governo da cidade, no contexto do seu
Plano Estratégico. Ali criaram as bases de um movimento internacional de cidades, que inclui as associações mencionadas ou
redes mundiais de cidades existentes, com o objetivo comum de
assumir como prioridade sua ação de globalização do social,
para que as cidades assumam uma posição relevante na construção da solidariedade mundial.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
149