Como já assinalamos, a globalização é econômica, mas
também tecnológica, informativa e cultural. As transformações
que nos afetam não se reduzem a uma zona do planeta, mas se
estendem a todas as partes, ainda que sua influência nas estruturas econômicas, sociais, culturais e familiares seja diferente
em função das coordenadas geográficas e culturais dos países.
A globalização tem, naturalmente, aspectos positivos como
o crescimento da riqueza, a inovação e o desenvolvimento
tecnológico, a superação das fronteiras e as novas possibilidades
de encontro entre culturas. Entretanto, é verdade que os efeitos
da mundialização são muito desiguais, e a globalização significa
novas formas de exclusão e pobreza para muitos países.
A globalização significou maior marginalização para a África
Subsaariana – consumo abaixo do equivalente a um dólar
americano – e alcança 215 milhões de pessoas; na Ásia atinge
550 milhões; e, na América Latina, 150 milhões.16
A globalização, em seus aspectos econômicos e tecnológicos, está transformando o próprio conceito de pobreza. Esta
já não se entende como associada ao desemprego, mas à estrutura da renda.
Assim, estima-se que, de cada dez famílias urbanas pobres
na América Latina, sete são pobres devido ao baixo rendimento
do trabalho, duas pelo desemprego de alguns de seus membros,
e uma, por ser formada por um número elevado de crianças.
Os níveis de pobreza relativos à América Latina são superiores
aos dos 25 membros da União Europeia, tomando por base o
limiar de 60% da mediana da renda. A comparação das médias
simples de cada região mostra valores de 28% da população na
América Latina e 15% para a União Europeia.17
É um equívoco considerar a existência apenas de uma via ou
de um só caminho predeterminado no desenvolvimento da
16 Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
17 Dados da Cepal, 1998 e 2006.
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades