Governança Democrática - 3ª Edição | Page 150

Como já assinalamos, a globalização é econômica, mas também tecnológica, informativa e cultural. As transformações que nos afetam não se reduzem a uma zona do planeta, mas se estendem a todas as partes, ainda que sua influência nas estruturas econômicas, sociais, culturais e familiares seja diferente em função das coordenadas geográficas e culturais dos países. A globalização tem, naturalmente, aspectos positivos como o crescimento da riqueza, a inovação e o desenvolvimento tecnológico, a superação das fronteiras e as novas possibilidades de encontro entre culturas. Entretanto, é verdade que os efeitos da mundialização são muito desiguais, e a globalização significa novas formas de exclusão e pobreza para muitos países. A globalização significou maior marginalização para a África Subsaariana – consumo abaixo do equivalente a um dólar americano – e alcança 215 milhões de pessoas; na Ásia atinge 550 milhões; e, na América Latina, 150 milhões.16 A globalização, em seus aspectos econômicos e tecnológicos, está transformando o próprio conceito de pobreza. Esta já não se entende como associada ao desemprego, mas à estrutura da renda. Assim, estima-se que, de cada dez famílias urbanas pobres na América Latina, sete são pobres devido ao baixo rendimento do trabalho, duas pelo desemprego de alguns de seus membros, e uma, por ser formada por um número elevado de crianças. Os níveis de pobreza relativos à América Latina são superiores aos dos 25 membros da União Europeia, tomando por base o limiar de 60% da mediana da renda. A comparação das médias simples de cada região mostra valores de 28% da população na América Latina e 15% para a União Europeia.17 É um equívoco considerar a existência apenas de uma via ou de um só caminho predeterminado no desenvolvimento da 16 Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). 17 Dados da Cepal, 1998 e 2006. 148 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades