para relacionar-se fazem com que em todas as cidades
existam sempre determinados bairros que funcionam,
efetivamente, como receptores de imigrantes. Se a situação de uma boa parte dos imigrantes é de pobreza ou de
extrema pobreza e os governos locais não dispõem de
recursos para investir na renovação urbana, serviços e
equipamentos, tais bairros se degradam e a população
local passa a atribuir à imigração tanto a degradação de
suas condições de vida e de valor dos seus imóveis como a
segregação social dos mesmos, particularmente se existe a
presença de atividades ilícitas e o bairro é rotulado como
perigoso. Em muitas ocasiões, os conflitos nesses bairros
são rotulados como racistas, o que leva à segregação de
seus moradores em dois grupos antagônicos, à intensificação e ampliação dos mesmos e, o que é mais importante, a uma concepção inadequada de sua natureza, o
que dificulta encontrar uma solução baseada em acordo.
• A imigração estrangeira (e, em especial, a que vem de
lugares com idioma e religião significativamente diferentes
aos do país receptor) se relaciona a setores da sociedade
receptora como fator de perda de identidade, de tradições e
costumes. À parte a debilidade histórica e sociológica desta
argumentação, posto que as configurações culturais e idiomáticas de um país, em um momento dado, costumam ser
produto da interação de realidades culturais plurais ao longo
de sua história, é certo que hoje (como consequência da
globalização e do encontro cultural ao nível planetário,
assim como da individualização das relações sociais) nos
encontramos diante de uma reafirmação da identidade ou
singularidade territorial e cultural.
• Esta identidade entendida como sentimento de pertencer,
como uma expressão de singularidade cultural que interage
no interior da cultura universal em constante mudança,
conduz à modernidade e à convivência e criatividade
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades