demandas dos cidadãos, como tampouco é compatível com um
sistema de garantias de direitos e responsabilidades organizado
com base no Estado-nação e concebido de cima para baixo.
A democracia não apenas não corre perigo em um mundo
global na era do conhecimento, como pode ser fortalecida e
aprofundada se o governo democrático for concebido como um
governo de proximidade, capaz de articular interesses e gerar
colaboração e corresponsabilização.
Ou seja, a democracia na nova cidade significa descentralização de competências e recursos para os governos locais, para
que eles possam, como veremos, inaugurar uma nova forma de
governar baseada na gestão de redes cidadãs.
Risco e vulnerabilidade social
O desenvolvimento da sociedade-risco impacta a nova estruturação das relações sociais. Por um lado, a vulnerabilidade é
consequência da individualização das relações sociais em um
tempo de flexibilização da estrutura ocupacional, no qual as
transformações econômicas e tecnológicas são constantes. Por
outro, entretanto, a vulnerabilidade cria uma nova cultura de
provisoriedade que está favorecendo tanto as respostas do tipo
intimista, que buscam a segurança no próprio “eu” – seja do tipo
espiritual, como o budismo, as interpretações subjetivas do cristianismo, as psicológico-terapêuticas do tipo autoajuda, ou o
apoio emocional. Ou, ainda, respostas do tipo social, criando
culturas positivas para a mudança e inovação de natureza pessoal
e, em especial, criando ou participando nas organizações sociais
de caráter setorial ou territorial que estão na origem do aparecimento das teorias sobre o capital social e do novo impulso comunitário tão em voga na sociologia atual. Esta, sem dúvida, é uma
perspectiva a ser incorporada nas políticas sociais urbanas que
tenham como objetivo fortalecer a sociedade civil, e que são as
que podem ser mais eficazes na cidade contemporânea.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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