Governança Democrática - 3ª Edição | Page 137

demandas dos cidadãos, como tampouco é compatível com um sistema de garantias de direitos e responsabilidades organizado com base no Estado-nação e concebido de cima para baixo. A democracia não apenas não corre perigo em um mundo global na era do conhecimento, como pode ser fortalecida e aprofundada se o governo democrático for concebido como um governo de proximidade, capaz de articular interesses e gerar colaboração e corresponsabilização. Ou seja, a democracia na nova cidade significa descentralização de competências e recursos para os governos locais, para que eles possam, como veremos, inaugurar uma nova forma de governar baseada na gestão de redes cidadãs. Risco e vulnerabilidade social O desenvolvimento da sociedade-risco impacta a nova estruturação das relações sociais. Por um lado, a vulnerabilidade é consequência da individualização das relações sociais em um tempo de flexibilização da estrutura ocupacional, no qual as transformações econômicas e tecnológicas são constantes. Por outro, entretanto, a vulnerabilidade cria uma nova cultura de provisoriedade que está favorecendo tanto as respostas do tipo intimista, que buscam a segurança no próprio “eu” – seja do tipo espiritual, como o budismo, as interpretações subjetivas do cristianismo, as psicológico-terapêuticas do tipo autoajuda, ou o apoio emocional. Ou, ainda, respostas do tipo social, criando culturas positivas para a mudança e inovação de natureza pessoal e, em especial, criando ou participando nas organizações sociais de caráter setorial ou territorial que estão na origem do aparecimento das teorias sobre o capital social e do novo impulso comunitário tão em voga na sociologia atual. Esta, sem dúvida, é uma perspectiva a ser incorporada nas políticas sociais urbanas que tenham como objetivo fortalecer a sociedade civil, e que são as que podem ser mais eficazes na cidade contemporânea. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 135