Governança Democrática - 3ª Edição | Page 136

mento de associações e seu fortalecimento é uma condição necessária, mas não suficiente. Para gerar capital social em uma cidade é preciso que exista ajuda mútua entre associados e, muito especialmente, que as finalidades associativas facilitem a cooperação para a produção de bens públicos. Uma cidade cheia de associações com finalidades singulares ou exclusivas para si mesmas será uma cidade com uma denominada sociedade civil organizada, porém incapaz de cooperar e promover confiança.6 A ampliação e o fortalecimento do tecido associativo para a geração de capital social são um desafio inevitável para os governos locais que pretendem desenvolver sua cidade na era do conhecimento. Dizer cidades da informação e do conhecimento é o mesmo que dizer cidades da educação, em que a educação geral aumenta notadamente e, sobretudo, um grupo social cada vez mais numeroso dispõe de educação superior que se recicla, necessariamente, em períodos temporais cada vez mais curtos. Isto significa um aumento do que Giddens denominou reflexividade social da cidadania. Nestas condições, a política democrática mais adequada é sem dúvida a que se baseia na autonomia dos cidadãos, na sua liberdade, não apenas de eleger, mas também de produzir a opção mais interessante. A chave consiste na educação e na cultura de valores e solidariedade que permitam articular a autonomia como base de uma interdependência geradora de confiança, colaboração e sentido comunitário, potencializando de forma equilibrada o reconhecimento de direitos com os deveres ou responsabilidades cidadãs. Uma sociedade educadora dificilmente é compatível com a visão de uma gestão pública distante das preocupações e 6 Ver op. cit., p. 20-29. 134 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades