No quadro da página anterior, observamos as interdependências das mudanças tecnológicas, econômicas e sociais e, muito
especialmente, das transformações sociais. Identificaremos os
principais desafios sociais que a gestão estratégica das cidades
deve se propor enfrentar, isto é, aquela gestão cujo objetivo seja
conduzir a cidade a patamares de maior qualidade de vida na
sociedade global da informação e do conhecimento.
Para simplificar, só assinalamos no quadro a influência da
tecnologia nos desafios sociais, e omitimos o impacto destes
desafios na tecnologia. Não obstante, devemos ter presente que
existe uma interdependência dos distintos âmbitos estruturais e
variáveis que o conformam.
A seguir, descrevemos os desafios sociais a partir das
mudanças que estão ocorrendo na estrutura social das cidades.
Nova desigualdade social
e nova visão da pobreza
O fundamental para entender os novos processos de dualidade e polarização social nas cidades, anteriormente mencionados, é compreender que existe uma mudança no principal
fator de geração das desigualdades de renda e poder em relação
às cidades industriais. Nestas, era o acesso à propriedade do
capital o fator fundamental para organizar os processos de
produção e distribuição social dos bens e serviços na cidade, e,
em especial, para alcançar um maior retorno econômico. Da
renda dependia em boa medida o acesso à melhor educação,
saúde, cultura e lazer.
Daí resulta terem os benefícios do Estado do Bem-Estar
Social sido direcionados tanto para assegurar a universalização
dos serviços sociais, educacionais e de saúde básicos como para
garantir determinados níveis de renda para setores vulneráveis
da população – aposentados, desempregados, portadores de
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades