quer posicionamento transgressor do modo de governar citado
tende a ser rechaçado. A governança deve superar estes grandes
obstáculos para se constituir como modo comum de governar
os territórios. Por isso, como qualquer paradigma social em fase
inicial, a governança só avança em experiências pontuais. Alguns
poucos dirigentes políticos inovadores, em circunstâncias determinadas, colocaram em prática processos de governança,
muitas vezes sem conceituá-los como tal.
Essas experiências devem ser objeto privilegiado de análise e
divulgação para melhorar o entendimento e possibilitar a concretização deste modo de governar, sobretudo se com a implantação da governança for constatado um importante progresso
econômico e social por meio da colaboração entre governo e
sociedade civil. Em especial, são importantes para a superação
dos velhos modelos políticos a análise e divulgação dos êxitos
eleitorais obtidos depois da aplicação das políticas baseadas no
novo modo de governar. Estes são os principais caminhos para
gerar um “caldo de cultura” idôneo para o surgimento de novas
experiências de governança, para romper o obscurantismo na
cultura política representado pelo gerencialismo.
A governança, como modo de governar, tem uma grande
autonomia em relação aos conteúdos das políticas, mas esta
autonomia não é total. Existem as condições especiais, econômicas e sociais, que favorecem esta nova arte de governar.
Os conteúdos concretos das políticas dos governos territoriais condicionam o bom desenvolvimento da governança. Sem
dúvida, uma opção por uma cidade compacta, não segregada,
baseada na complexidade e diversidade das relações humanas
no espaço público, favorece a gestão relacional de qualidade.
O envolvimento dos usuários e familiares nos programas
voltados para o bem-estar social e para a educação, a difusão
dos valores relacionados ao sentimento de “pertencer”,
o comprometimento e a atribuição de um valor simbólico aos
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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