quer chegar. Sua energia se concentra na proposta de fortalecimento dos governos das cidades, para que possam enfrentar
as dificuldades mais importantes e os obstáculos mais comuns
encontrados na gestão das demandas cidadãs. Examina em
detalhes como os desafios, que dificultam a conquista dos resultados esperados, podem arranhar a sua legitimidade democrática e fragilizar o apoio da cidadania às políticas públicas. A tese
que defende localiza tais dificuldades no tipo de relação estabelecida entre governo local e cidadania, em que o primeiro
aparece quase que exclusivamente como provedor de serviços e
gestor dos recursos públicos.
Pascual desenvolve o argumento de que esse modo de
governar – identificado na sua forma mais avançada com a introdução de práticas gerenciais do setor privado na esfera pública
– precisa ser superado. Não apenas porque os recursos públicos
são e serão cada vez mais insuficientes para atender às crescentes
e complexas demandas da população, mas também porque as
transformações que ocorrem hoje na sociedade – em suas bases
econômicas, sociais, políticas e tecnológicas – criam as condições
necessárias para o surgimento de um novo tipo de governo,
denominado pelo autor de governo relacional. Neste, as funções
burocráticas e, principalmente, as gerenciais não desaparecem,
mas perdem importância relativa diante da concepção de que na
sociedade em rede cabe aos governos reposicionarem-se para
gerir interdependências – assim como as principais redes sociais
– e melhorar a capacidade de organização e ação da sociedade, a
fim de alcançar o desenvolvimento humano.
Nesta perspectiva, o gerente perde posição para o político.
Ganha relevância o capital político local, formado pela equipe
de governo, para articular socialmente o município e influir
positivamente no desenvolvimento da cidade. Em outras palavras, impõe-se a revalorização da política ante a gestão e a
importância da liderança representativa para organizar a ação
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades