Governança Democrática - 3ª Edição | Page 108

produzem bem-estar a partir de sua capacidade de usar os serviços colocados à sua disposição. A governança exige e precisa de democracia É possível entender a governança sem que a sua finalidade seja o desenvolvimento humano ou, ainda, pensar em uma governança não democrática? Se entendermos a governança em sentido estrito, como uma atividade especial do governo que busca a colaboração de atores em um tema concreto, e não como uma forma habitual de governar, é possível entendê-la como não democrática, sempre que os acordos entre o governo e os atores sejam realizados de costas para os cidadãos e motivados por uma política clientelista. Ao contrário, como modo de governar habitual, de um governo local que busca melhorar a capacidade de organização e ação de uma sociedade, se exige democracia, uma vez que se tornam necessárias a liberdade de circulação das ideias e interesses, assim como organizações abertas e flexíveis com as quais seja possível chegar a acordos sobre interesses legítimos. Por outro lado, a governança exige participação e envolvimento cidadãos. Dificilmente uma política que não se baseie em valores democráticos e de desenvolvimento humano poderá expandir-se por meio de amplos processos de compromisso social. Para outro tipo de objetivos prefere-se que não haja luz nem taquígrafos. De fato, e para evitar qualquer tipo de confusão ao denominar o modo de gerir próprio do governo relacional, utilizamos a expressão governança democrática, conscientes de que se pode usar a gestão de interdependências em um sentido contrário ao desenvolvimento humano e aos próprios direitos cidadãos, ainda que seja sempre como atividade isolada e não como modo habitual de administrar. 106 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades