ao governo um papel menor, para dar mais importância a
outros agentes, em especial aos econômicos.
Entender a governança como uma dimensão a mais do
governo provedor, e/ou geri-la por meio do modo gerencial,
significaria retardar o novo papel do governo como um organizador coletivo e a valorização do governante eleito como representante da cidadania.
Por esta razão é que, no quadro anterior, foi colocado como
expectativa razoável que a governança seja o modo de administrar próprio do governo relacional na sociedade em rede ou
sociedade do conhecimento, por ser o mais adequado. Porém,
mesmo que seja o mais apropriado, isso não quer dizer que o
seu desenvolvimento esteja assegurado. Ainda mais quando
temos o exemplo de que o governo provedor se desenvolveu,
numa primeira etapa, via modelo de governação próprio do
governo racional-legal: o modo burocrático.
Ainda que a governança comece a ser um paradigma, com
progressiva importância nas Ciências Sociais como arte de
governar, é incipiente e, em não poucos casos, se desenvolve no
interior do modo gerencial de governar, confundindo-se com
uma nova fórmula para dar maior relevância ao papel dos
agentes econômicos.
O aparecimento da governança, como prática de governo,
precisa de êxitos bem conhecidos e de vitórias eleitorais para
aqueles que a implementarem. Para isto, são necessários métodos
e técnicas específicos e um novo tipo de liderança política, que é
preciso sistematizar e difundir.16 O predomínio do modo gerencial atrasa e dificulta a inovação do modo de governar.
O governo local, por sua proximidade com as relações que
se estabelecem entre os atores no território, pode gerir melhor
16 Para isso, foi criado o movimento de governantes eleitos e profissionais, em
2003, voltado para o desenvolvimento da governança, denominado América
Europa de Regiões e Cidades, Aeryc. Ver .
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades