Governança Democrática - 3ª Edição | Page 100

ao governo um papel menor, para dar mais importância a outros agentes, em especial aos econômicos. Entender a governança como uma dimensão a mais do governo provedor, e/ou geri-la por meio do modo gerencial, significaria retardar o novo papel do governo como um organizador coletivo e a valorização do governante eleito como representante da cidadania. Por esta razão é que, no quadro anterior, foi colocado como expectativa razoável que a governança seja o modo de administrar próprio do governo relacional na sociedade em rede ou sociedade do conhecimento, por ser o mais adequado. Porém, mesmo que seja o mais apropriado, isso não quer dizer que o seu desenvolvimento esteja assegurado. Ainda mais quando temos o exemplo de que o governo provedor se desenvolveu, numa primeira etapa, via modelo de governação próprio do governo racional-legal: o modo burocrático. Ainda que a governança comece a ser um paradigma, com progressiva importância nas Ciências Sociais como arte de governar, é incipiente e, em não poucos casos, se desenvolve no interior do modo gerencial de governar, confundindo-se com uma nova fórmula para dar maior relevância ao papel dos agentes econômicos. O aparecimento da governança, como prática de governo, precisa de êxitos bem conhecidos e de vitórias eleitorais para aqueles que a implementarem. Para isto, são necessários métodos e técnicas específicos e um novo tipo de liderança política, que é preciso sistematizar e difundir.16 O predomínio do modo gerencial atrasa e dificulta a inovação do modo de governar. O governo local, por sua proximidade com as relações que se estabelecem entre os atores no território, pode gerir melhor 16 Para isso, foi criado o movimento de governantes eleitos e profissionais, em 2003, voltado para o desenvolvimento da governança, denominado América Europa de Regiões e Cidades, Aeryc. Ver . 98 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades