Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 25
Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo
latitude, é o desafio atualíssimo da democracia no novo contexto
do mundo.
A novidade de nossos dias está na exigência que leva a per-
guntar: “A fraternidade pode se tornar a terceira categoria polí-
tica, junto à liberdade e à igualdade, para completar e dar novos
significados aos fundamentos e às perspectivas da democracia?”. 21
Dos três princípios base estabelecidos pela revolução ilumi-
nista, os dois primeiros geraram, respectivamente, a liberal-
-democracia e a social-democracia: “E – pergunta-se Umberto
Galimberti – o que aconteceu à fraternidade? Não há dicionário
que o explique”. 22 O resultado é que não nos restou outro modo
de expressar a fraternidade senão através do vínculo antigo e
pré-moderno com base no qual somos irmãos por razão de
sangue ou fé. Por isso, as comunidades que povoam as cidades,
“fechadas em si mesmas, ainda não encontraram uma praça em
que seja possível encontrarem-se. Mas o futuro está neste
encontro, em que o direito de pertencimento (a fraternidade)
possa conciliar-se com os direitos de liberdade e de igualdade”. 23
O nexo possível na sociedade dos indivíduos
A ideia de fraternidade sempre indicou um problema pelo
qual se viram desafiados os maiores filósofos modernos.
O que caracteriza o surgimento da modernidade é o advento
do individualismo. O indivíduo é o ponto focal da economia, da
moral e do direito. A partir dele se julga e se justifica a socie-
dade, que não está dada na natureza, mas é constituída, exata-
21 Baggio (org.), Il principio dimenticato, cit., p. 19.
22 U. Galimberti, Politica senza identità. L’individuo davanti allo stato, La Repubblica,
10/04/2001.
23 Ibidem.
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