Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 131

Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo criação de condições materiais de produção que, só elas, podem constituir a base real de uma forma superior de sociedade”. 45 Nesta “forma superior de sociedade”, a fraternidade se exte- rioriza na conexão especial entre os indivíduos, conexão que consiste “em parte nos pressupostos econômicos, em parte na necessária solidariedade do livre desenvolvimento de todos e, por fim, no modo universal pelo qual os indivíduos manifestam sua atividade com base nas forças produtivas existentes”. 46 Aqui, no entanto – precisa Marx –, não se trata de indivíduos quais- quer e casuais, mas de indivíduos num grau determinado do desenvolvimento histórico e, por isso, “também a consciência que eles têm de sua relação recíproca será naturalmente de todo diferente e, portanto, não será de modo algum nem o princípio do amor ou o dévouement nem o egoísmo”. 47 A fraternidade é, ao mesmo tempo, o conteúdo que subs- tancia a consciência revolucionária e “o fruto que o presente traz no ventre”. Ela é o princípio que informa a unidade proletária na luta pela conquista do proprium do homem que só o comunismo realizará como “reino da identidade”, em que finalmente o homem conhece a si mesmo e a seu mundo na unidade entre interior e exterior, entre particular e universal. A fraternidade é igualmente a tarefa revolucionária atribuída aos proletários, executores do destino histórico da passagem para uma nova época. Marx indica como futuro a organização realmente fra- terna da sociedade. De fato, para Marx a superação da sociedade capitalista coloca as condições reais graças às quais o homem pode se apro- priar de sua essência, que se manifesta “no pleno desenvolvi- mento do domínio do homem sobre as forças da natureza” e “na 45 K. Marx, Il capitale. Critica dell’economia politica, I, 3, Turim, Utet, 2009, p. 37. 46 Marx e Engels, Ideologia tedesca, cit., p. 430. 47 Idem, p. 431. 129