Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 13

Prefácio Martin Cezar Feijó Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, Professor na Faculdade de Comunicação da FAAP e autor de vários livros, entre eles O Revolucionário Cordial (Boitempo). Vivemos tempos sombrios. Não os mesmos, claro, que a filó- sofa Hannah Arendt (1906-1978) tão bem descreveu em Men in the Dark Time, a partir de microbiografias de intelectuais que marcaram seu período de atuação filosófica. Vivemos uma época de fim das utopias das macronarrativas, marcada pelo esgota- mento de pactos que facilita uma cultura do ódio em todos os níveis, expandindo-se principalmente pelas redes sociais. Mas também vivemos uma época inaugurada pelo período de revoluções que ainda não cumpriram seus desígnios, princi- palmente a revolução inaugurada pela França em 1789. O lema da Revolução Francesa foi constituído de três palavras: liber- dade, igualdade e fraternidade. E a partir daí, se descobriu que são três aspirações que quase nunca estiveram na prática juntas: onde houve liberdade, isto se deu à custa da igualdade. Onde houve um princípio de igualdade, foi ao preço da eliminação da liberdade. E fraternidade, a não ser no discurso religioso de matriz católica, não houve em nenhum momento. O que Maria Rosaria Manieri propõe neste belo livro que este texto antecede é exatamente pensar nesta categoria – a da frater- nidade – não como exclusividade de uma ética de fundo religioso, mas de uma perspectiva política. E para isto faz um passeio pelas ideias que enfrentaram o tema no plano filosófico. O que Manieri 11