Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 124
Maria Rosaria Manieri
das inúmeras franquias arduamente adquiridas e certificadas,
pôs unicamente a liberdade de comércio sem escrúpulos”. 30
Diante do mundo objetivo da riqueza e das condições reais
de sua criação, a subjetividade indigente da força de trabalho
viva representa um contraste cada vez mais cru, cuja consciência
formidável “é ela mesma um produto do modo de produção
baseado no capital e, ao mesmo tempo, o knell to its doom, tal
como, com a consciência do escravo de não mais poder ser pro-
priedade de um terceiro, com a consciência de ser uma pessoa, a
escravidão só pode continuar a vegetar como existência artifi-
ciosa e não pode mais continuar a ser a base da produção”. 31
A medida que o capital perde toda e qualquer base material
graças ao desenvolvimento mesmo das forças produtivas, o capi-
talismo gera, em virtude de suas próprias contradições, a neces-
sidade de uma universalidade que seja reapropriação por parte
do indivíduo da riqueza de seu ser social. A necessidade de
comunismo emerge do próprio interior do capitalismo, de suas
contradições e crises.
O capitalismo, pois, não é o destino último, mas uma fase
da história da humanidade, que pode e deve ser superada. Foi o
que aconteceu à sociedade feudal quando “as relações feudais de
propriedade não mais corresponderam às forças produtivas
desenvolvidas” e quando as condições de produção e troca, ao
invés de favorecerem a produção, passaram a tolhê-la: “Elas se
transformaram em outros tantos grilhões. Deviam ser rompidas
e o foram”. 32 “Sob nossos olhos – dizem Marx e Engels – está se
realizando um processo análogo. As condições burguesas de
produção e troca, as relações burguesas de propriedade, a
moderna sociedade burguesa – que desencadeou como por
30 Ibidem.
31 Marx, Lineamenti per la critica dell’economia politica, II, cit., p. 84.
32 Marx e Engels, Il Manifesto, cit., p. 35.
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