Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 121

Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo O reconhecimento das necessárias tendências históricas de longa duração do desenvolvimento capitalista é o principal ponto de força e atualidade do pensamento de Marx e Engels, os quais não descreveram o mundo como fora transformado pelo capitalismo em seu tempo, mas sim como logicamente desti- nado a ser transformado com base nos mecanismos internos de funcionamento. “Vivemos hoje num mundo no qual em grande parte ocorreu esta transformação”. 23 O capitalismo rompe todas as relações pessoais de depen- dência, seja as patriarcais, seja as feudais, e nisso – sublinha Marx – tem indiscutível carga emancipadora e revolucionária. Para viver, os homens entram em mediação com a natureza, elaboram-na servindo-se de instrumentos e técnicas, e através de seu trabalho e sua criatividade orientam-na para a satisfação das necessidades humanas. A história dos homens é história do trabalho, através do qual desenvolvem tanto a cooperação social quanto a divisão social de sua atividade, ou seja, a especialização das funções, com base na qual se origina o intercâmbio. O processo de emancipação humana da dependência da natureza e o aumento de seu controle sobre ela constituem o que chamamos de progresso. Tal processo influencia as forças e as relações de produção. No início, de fato, produção e troca têm como objeto valores de uso, ou seja, bens destinados à manu- tenção do produtor e da comunidade. Mas, à medida que os homens se afastam da primitiva relação com a natureza, o pro- cesso histórico de emancipação assume a forma de uma progres- siva “separação do trabalho livre das condições objetivas de sua realização, do meio de trabalho e do material de trabalho”. 24 23 Hobsbawm, Come cambiare il mondo, cit., p. 118. Também para Attali, Marx é um visionário, “o primeiro a profetizar um mundo global” (K. Marx ovvero lo spirito del mondo, cit.). 24 Marx, Lineamenti per la critica dell’economia politica, II, cit., p. 112. 119