Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 119

Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo catedrais góticas; levou a cabo expedições inteiramente diferentes das antigas migrações dos povos e das cruzadas”. 18 Se para as classes industriais anteriores a primeira condição de existência era a inalterada conservação do antigo modo de produção, a burguesia capitalista “não pode existir sem revolu- cionar continuamente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto todo o conjunto das relações sociais”. Como consequência: “O contínuo revolucionamento da produção, o incessante abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época burguesa de todas as demais. Todas as condições de vida estáveis e enfer- rujadas, com seu séquito de opiniões e crenças, tornadas venerá- veis pela idade, se dissolvem, e as novas envelhecem ainda antes de se ossificarem. Tudo aquilo que havia de estabelecido e cor- respondia às várias ordens sociais se evapora, tudo o que era sagrado é dessacralizado e os homens são finalmente obrigados a considerar com os olhos livres de qualquer ilusão sua posição na vida, suas relações recíprocas”. 19 Surpreende, no Manifesto, a descrição do potencial revolu- cionário do capitalismo e do futuro ante litteram de um mundo globalizado. Aquilo que na época – observa Hobsbawm – “poderia ser julgado por um leitor neutro retórica revolucionária ou, no melhor dos casos, uma previsão plausível, agora pode ser lido como uma concisa caracterização do capitalismo no início do novo milênio”. 20 Escreve Marx: “A necessidade de escoa- mento cada vez mais extenso para seus produtos impele a bur- guesia por todo o globo terrestre. [...] Explorando o mercado mundial, a burguesia tornou cosmopolita a produção e o con- sumo de todos os países”. Ela retirou da indústria “a base 18 K. Marx e F. Engels, Il Manifesto del Partito Comunista, Roma, Riuniti, 1973, p. 33. 19 Ibidem. 20 Hobsbawm, Come cambiare il mondo, cit., p. 119. 117