Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 105

Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo uma teoria das regras para a escolha dos meios mais adequados para alcançar nossos objetivos calculados com base na utilidade, e isto significaria negar que exista uma moral. Como doutrina do direito, mas teorética, a moral é “sabe- doria política”. Ela estabelece os limites e indica o sentido da prática política, campo real das escolhas e do exercício concreto da liberdade dos homens: “O Deus-término da moral não cede a Júpiter (o Deus-término da força), porque também este está sub- metido ao Destino, ou seja, a razão não tem capacidade sufi- ciente para dominar toda a série das causas determinantes que fazem prever com segurança o bom ou mau resultado das ações e omissões dos homens, segundo o mecanismo da natureza (ainda que permitam esperá-lo, de acordo com o que se deseja). Mas a razão ilumina sempre com suficiente clareza sobre o que se deve fazer para restar (segundo regras da sabedoria) no caminho do dever e, portanto, da obtenção do fim último”. 57 O conteúdo da lei moral, a certeza da realidade ética não deixam nenhuma dúvida sobre qual é a máxima reguladora pela qual se deve julgar e formar a constituição da sociedade e as relações dos homens entre si. Comenta Cohen: “Já a Schleierma- cher não escapara que o sumo bem de Kant ‘é só político’”. 58 O bem não é mais problema da discussão metafísica nem da cosmologia, que em relação ao mal do mundo impediu aos gregos uma teologia racional, mas sim problema da ética que, mediante seu tangível elemento regulador, dá a ele uma consistência ime- diatamente incisiva ou, como hoje diríamos, político-social. 57 Idem, p. 189. 58 H. Cohen, La fondazione kantiana dell’etica, Lecce, Milella, 1983, p. 330. 103