F. Magazine Ed. 24 Revista_montada | Page 119

Nas joalherias, oficinas e ateliês de joias costumam chegar peças de família de valor sentimental e das quais seu proprietário não quer se desfazer. Algumas vezes o proprietário busca sua ressignificação, outras quer mantê-la intacta e fazer uma manutenção para colocá-la em uso novamente. Nem sempre de grande valor econômico, elas portam reminiscências, memórias narradas por diferentes pessoas, toda uma série de lembranças. As joias de família, passadas de geração em geração, são claramente evocadoras de memórias individuais e coletivas. Elas revelam crenças compartilhadas e identidades construídas coletivamente. Mesmo na ausência, laços podem ser recuperados e fortalecidos. Objetos legados, presenteados ou encontrados parecem portar esses vínculos. Joias podem ser criadas especificamente para 147 121 marcar datas especiais e, em alguns casos, incorporar lembranças ao cotidiano. Pérolas que são remontadas para serem usadas por uma jovem, colar dos sonhos realizado sob medida para uma esposa muito especial, brincos feitos a partir da aliança da avó para uma noiva, colar com centro que reproduz o anel de estimação de uma mãe ou um anel que foi desenhado cheio de significados especiais para a vida de um casal que recebia seu primeiro filho são alguns dos infinitos casos com que lidamos cotidianamente em nosso trabalho como joalheiros. Também podemos ter em nossas coleções peças que remetam mais diretamente ao desejo da construção de narrativas familiares: um relicário para fotos ou uma peça com nome e datas especiais gravadas no verso, berloques que se somam em pulseiras ou colares e marcam momentos