CAPÍTULO PRECIOSO
Estes lapidários especializados, para escaparem dos
horrores da guerra que se iniciava, imigraram para o Brasil,
acreditando no potencial que representava a exploração
comercial daquelas pedras e a sua manufatura.
Depressa, organizaram-se polos de lapidação, em Petrópolis
e em Mar de Espanha (Minas Gerais), que chegaram a ter
mais de 5 mil lapidários, impulsionando vigorosamente a
indústria joalheira nacional.
O país tinha todas as possibilidades para tal desenvolvimento:
não participava ativamente da guerra, era grande produtor dos
insumos fundamentais da joalheria – ouro, diamantes e pedras
coradas. Só necessitava do know-how.
Na época, o governo de Getúlio Vargas e seu ministro das
Relações Exteriores, o Sr. Oswaldo Aranha, cegos para a
prospecção desse setor, tão dependente dos estrangeiros,
“
negaram sistematicamente vistos aos refugiados, muitos
deles apátridas, perseguidos na Europa.
Em relação aos lapidários, especificamente, esses enfrentavam
todo tipo de barreiras, fazendo com que muitos saíssem do
Brasil. Alguns foram para os EUA, onde o mercado era muito
promissor para sua mão de obra, e as barreiras burocráticas e
tributárias infinitamente menores que no Brasil.
A falta de visão do governo em apoiar este polo estimulando
a permanência dos profissionais no Brasil, somada à recessão
do mercado joalheiro no pós-guerra, fez a maioria daqueles
refugiados, muitos de origem judaica, mudar-se para o
recém-criado Estado de Israel. Lá ajudaram a construir uma
das maiores indústrias de lapidação de pedras preciosas do
mundo, grande parte delas importadas em estado bruto do
Brasil por esses “ex-imigrantes”, que dominavam o português
e mantinham contatos nas regiões produtoras.
fez a maioria daqueles refugiados, muitos de origem judaica, mudar-se para
o recém-criado Estado de Israel. Lá ajudaram a construir uma das maiores
indústrias de lapidação de pedras preciosas do mundo, grande parte delas
importadas em estado bruto do Brasil por esses ‘ex-imigrantes’
”
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