ED I TOR I A L
Na expectativa
de uma nova política mineral proativa
No cenário atual de lenta recuperação da maior crise
econômica na história do País, há anseio verdadeiro por
renovação nas mais importantes matérias, inclusive na po-
lítica. Os novos governantes e legislativo que assumirem
em Brasília e capitais estaduais, terão que articular pro-
postas para sairmos dos padrões conhecidos, para buscar
acelerar a expansão da economia a curto e médio prazos,
eliminando essa sensação nada confortável de estagnação.
A retomada das obras de infraestrutura a nível federal
e na esfera estadual é certamente um dos caminhos estra-
tégicos — mas esbarra na crise fiscal. A solução está em
reforçar o arcabouço regulatório sem demora para atrair
maior volume de capital privado, que o mercado global
tem de sobra, para acelerar as concessões e PPPs. Grandes
operadoras globais já ingressaram no mercado brasileiro,
mas estão à espera pelas medidas para consolidar a legis-
lação e dar mais autonomia e blindagem às agências regu-
ladoras — para liberar mais investimentos.
O Brasil é o propalado país do futuro, há décadas, em
diversos campos da atividade econômica e humana. A mi-
neração é um que não se materializou expectativas de um
novo ciclo de ouro, terras-raras (minerais estratégicos),
boom de investimentos externos etc.
Na Coluna do Geólogo, Vitor Mirim tem mostrado que
haverá demanda previsível para milhões de toneladas/ano
adicionais de calcário agrícola na década futura; nesta edi-
ção, ele escreve sobre o potencial do subsolo brasileiro para
grafita, usando dados disponibilizados pela CPRM — esta
que é um dos minerais estratégicos do mercado digital.
O governo federal e as administrações estaduais certa-
mente podem articular políticas mais efetivas para incenti-
var a mineração, começando por aperfeiçoar mecanismos
institucionais que fixem prazos definidos para a liberação
de licenças ambientais – porque não há atividade empre-
sarial que suporte prazos indefinidos. Aliás, isso beneficia-
ria todo tipo de empreendimento industrial e comercial
pelo País, principalmente em infraestrutura.
Por falar nisso, a Austrália está investindo 260 milhões
em dólar australiano para desenvolver sistema de GPS de
alta precisão por satélite, para incentivar seu uso pelas in-
dústrias e pela população, inclusive para gerar mais em-
pregos na economia digital.
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Agosto / Setembro 2018
Retomada das obras de infraestrutura vai estimular
a produção de não metálicos pelo País
O SBAS - Sistema de Aumento Baseado em Satélite vai
melhorar a precisão atual de 5 m para 10 cm no território
australiano e zona marítima. O NPIC - Capacitação da In-
fraestrutura para Posicionamento é um segundo sistema
que irá aprimorar a precisão ainda mais - para 3 cm - em
áreas com cobertura de telefone móvel.
Um terceiro programa — Digital Earth Australia — vai
dar acesso às empresas locais a uma tecnologia de classe
mundial, que fornecerá dados padronizados e confiáveis
de satélite sobre mudanças sofridas pelo meio ambiente
do país, algo vital para a indústria da mineração australia-
na que é concorrente do Brasil no comércio interoceânico
de minerais. Este país mostra que a era do conhecimento
já chegou — e que nossos competidores globais estão na
dianteira.
Operador colhe amostra de água em rio; licenças am-
bientais sem prazo de aprovação atravancam projetos
Austrália quer aperfeiçoar sistema próprio de GPS que
vai melhorar a precisão dos 5 m atuais para 10 cm