MERCA D O
Mineração busca agenda positiva em
meio às mudanças e novo ciclo
Em evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Mine-
ração (Ibram), em São Paulo (SP), no último dia 15 de agos-
to, sobre “Os Desafios da Indústria Mineral Brasileira”, ficou
evidente a necessidade de o setor assumir agenda mais po-
sitiva no País em vários aspectos, em meio a um novo ciclo
do mercado global e o recém-aprovado marco regulatório.
O encontro teve a participação de especialistas em mine-
ração.
Vicente Lobo, secretário de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia,
comentou no evento que o novo Código da Mineração tem
sido capaz de desperta mais interesse internacional em in-
vestir no Brasil, embora o novo marco “foi o que pôde ser
feito na situação de momento do País”.
Ele também destacou a necessidade da mineração se
relacionar mais com a sociedade. “É preciso melhorar a co-
municação, inclusive apontando suas fraquezas”, afirmou.
Vicente crê que em 5 a 10 anos a mineração pode subir sua
participação no PIB.
Por outro lado, Roberto Castello Branco, diretor do Cen-
tro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Eco-
nômico da FGV, em sua palestra, destacou que o Brasil é
quarto País mais rico do mundo em reservas minerais (atrás
apenas da Austrália, África do Sul e Rússia), mas que essa
“herança geológica não tem sido suficiente para atração de
investimentos”.
O professor acha que no horizonte de longo prazo, o am-
biente institucional será muito relevante no setor. “Embora
a América Latina tenha ficado mais atrativa de 25% a 30% do
investimento global em exploração mineral, principalmente
no Chile, Peru e México, o Brasil diminui nesse aspecto pela
percepção de riscos”.
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Agosto / Setembro 2018
O diretor afirma que a licença social para operar será
crescente nos próximos anos. “Investimentos em sustenta-
bilidade e projetos sociais em benefício das comunidades
próximas às operações são essenciais”, disse.
Ele relata ainda que há um foco hoje muito grande em
estender a vida útil dos ativos de mineração e, por isso, a
inovação ganhou um papel muito relevante.
Júlio Cesar Maciel Raimundo, superintendente da Área
de Indústria e Serviços do BNDES, na sua participação no
evento, demonstrou estranheza pelo fato de existirem
grandes projetos de cobre em perspectiva no mundo, que
somam 2,5 milhões de t, e não envolverem o Brasil – no
entanto, mais de 20% das reservas no País são do mineral,
perdendo apenas para o minério de ferro, com 35%.
“O ferro mantém nível elevado do comércio transoceâ-
nico. O cobre e o zinco possuem trajetória de crescimento
do consumo”, disse. Júlio acredita em novos investimentos
em tecnologias e processos na mineração, focados na sus-
tentabilidade e equipamentos de alto desempenho.