Edição Agosto/Setembro Edição 396MM | Page 24

T ECNOLOG IA & P R OC E SSOS Como automatizar a reposição de corpos moedores Qual é a relação entre lógica Fuzzy, também conhecida como lógica Difusa, moagem em mineração de ferro e expor- tação? Parece complicado, mas os pontos têm uma ligação: considere a produção de pelotas de minério de ferro, produ- to de valor agregado usado em siderúrgicas e fonte de expor- tação, despachada para o mundo via portos do Sudeste. Para serem produzidas, as pelotas precisam do abastecimento contínuo de minério de ferro, sua matéria prima principal, e uma das etapas de processamento é exatamente a moagem. E a lógica Fuzzy ou Difusa, onde entra? A técnica computacional faz parte de um sistema es- pecialista que compõe os recursos do software de controle avançado OCS-4D, ao lado de me- canismos de estatística e controle preditivo. O OCS-4D foi usado para automatizar a re- posição de bolas metálicas, utilizadas para auxiliar a moagem do minério de ferro na planta brasileira localizada em Minas Gerais. Com o uso do software de controle avançado, a mineradora estabilizou o processo, eliminou o controle manual e racionalizou a reposi- ção das bolas metálicas que funcionam como corpos moedo- res. Mas, para conseguir isso, existe uma história. A adoção da reposição automática na mineradora bra- sileira foi estudada por uma equipe interna da mineradora, com suporte de engenheiros da Metso e envolveu a compa- ração entre o processo manual e três situações de automa- ção. O estudo foi feito nos dois circuitos de moagem primária, que consomem mais de 10 mil t/ano de bolas metálicas e que funcionam com quatro motores, totalizando uma potência instalada de 30.000 kW. Além de fazer os circuitos funciona- rem, a potência sempre foi um elemento chave para avaliar quando é necessário repor as bolas metálicas. Antes da automação, a colocação de novas bolas metáli- cas era feita diariamente por meio de um cálculo que consi- derava a potência consumida na última na última reposição. O processo era refinado a cada três meses, durante a parada de manutenção, o que permitia uma correção da quantidade de corpos moedores. Além de mecânico e manual, a alimen- tação era menos precisa. A primeira automação eliminou a reposição em uma só batelada diária, distribuindo-a por etapas menores e cujo cálculo do número de bolas era feita com auxílio de um Pro- 24 | Agosto / Setembro 2018 gramador Lógico Controlável (PLC), tecnologia básica de au- tomação. A lógica desenvolvida no PLC para repor as bolas metálicas considerava, entre outros fatores, o tempo de funcionamento dos moinhos. A iniciativa trouxe maior pre- cisão ao volume interno ocupado pelos corpos moedores, chamado de grau de enchimento, mas ainda não alcançou a estabilização desejada. O salto na automação, realizado pela mineradora em conjunto com a Metso, envolveu duas fases e em ambas o OCS-4D passou a ser adotado. Personalizado para essa eta- pa, o software considerava dados reais em campo e análises de laboratório, incluindo o desgaste das bolas em relação ao tipo de minério processado. Na primeira etapa, a equipe de estudos passou a consi- derar a potência do moinho como um indicador indireto do grau de enchimento, que regularia a reposição. Na segunda, as equações foram aperfeiçoadas para reduzir a influência da densidade da polpa (minério + água) nos cálculos. Em ambas, a lógica Fuzzy fez parte do processo. O uso de técnicas sofisticadas tem um sentido. Um dos exemplos é a densidade da polpa. Nem todos os dados a respeito dela são aferidos online e a porcentagem de sóli- dos é um fator importante para determinar a potência do moinho que, por sua vez, é um dado fundamental para cal-