Edição Agosto/Setembro Edição 396MM | Page 14

COL UN A D O G E ÓLOG O na bateria, o qual têm sido progressivamente reduzido (US1.000/ KwH em 2010 para US175/KwH em 2018). A Tesla tem como meta produzir baterias íon-lítio ao custo de US$100/KwH em 2020 A Figura 2 (adaptada de Goonan, 2012) mostra a evolução de vendas de baterias recarregáveis no período entre 1991 a 2007 (China iniciou programa de produção de VEs em 2009). Considerando-se que o tempo médio para colocar em produ- ção uma nova mina (greenfield) é de 7 a 10 anos (dependendo do país) e, admitindo-se também que as demandas por commodi- ties para se produzir baterias e pilhas cresçam de acordo com as projeções do mercado, haverá déficit nas ofertas globais de lítio, cobalto, manganês (cátodos) e grafita (ânodos). Segundo Metal Bulletin, as cotações de lítio saltaram de US$ 8/kg em junho/2015 para US$ 26,18/kg em dezembro/2017. Nesse período, a cotação de cobalto passou de US$ 13,50/lb para U$ 43,70/lb (www.metalbulletin.com). Esse cenário explica o movimento de empresas (produtores tradicionais e novos em- preendedores) buscando espaço nesse mercado. Fontes de lítio na natureza são os minerais/silicatos (espodume- nio e lepidolita) em pegmatitos e depósitos de salares/brines (cloreto de lítio). Gasta-se mais energia (custo maior) para produção de carbo- nato de lítio a partir de pegmatitos - se comparado a salares/brines. A Tabela 1 lista novos projetos de Lítio (pegmatitos e salmou- ras) em início de produção no ano de 2018. Para cobalto, as respostas do mercado - para novas ofertas - estão relacionados a duas operações relevantes: a primeira é a retomada da Glencore Kamoto (fechada em 2015) e a segunda, é o início da operação para extrair cobalto de tailings (com capaci- dade para 20.000 t/ano) gerados na década de 1950 - Roan Tailing Treatment - da ERG, na República Democrática do Congo (RDC). O aumento de demanda para aparelhos eletrônicos portáteis e, particularmente, VEs, alavanca o setor de reciclagem de bate- rias. A reciclagem de baterias descartadas (VEs) poderá respon- der por 50% do volume de lítio necessário para produção de no- vas baterias em 2040 (Gaines, 2009). A reciclagem não recupera somente lítio, mas também metais como cobalto e níquel. Rotas para reciclagem de baterias (todos os tipos) via proces- sos pirometalúrgicos e hidrometalúrgicos (Tabela 2). Existem leis, em diversos países, que proíbem o descarte de baterias em aterros para lixos sólidos por razões de segurança, saúde e meio ambiente. Dessa forma, programas de reciclagem de baterias estão em franca evolução visando recuperar e reu- tilizar insumos importantes como cobalto, lítio, níquel, manga- nês (cátodos), flúor (eletrólito) e alumínio (invólucros). Borras de carvão (anodos) podem ser aproveitados na construção civil ou construção de estradas. No Brasil, o descarte de baterias é regulamentado pela Reso- lução CONAMA 401, de 2008, que estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercia- lizadas no território nacional, e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado. Nota: Para as pilhas e baterias não contempladas nesta Resolu- ção, deverão ser implementados, de for- ma compartilhada, programas de coleta seletiva pelos respectivos fabricantes, importadores, distribuidores, comer- ciantes e pelo poder público e pela Políti- ca Nacional de Resíduos Sólidos (art. 33 da Lei nº 12305/10 - legislação posterior à Resolução Conama que também trata dessa destinação e traz a logística re- versa como obrigação de fabricantes, importado- res, distribui- dores e co- merciantes). *Vitor Mirim é geólogo de exploração da VRM Geologia e Mineração 14 | Agosto / Setembro 2018