Edição Agosto/Setembro Edição 396MM | Page 12

COL U N A D O G E ÓLOG O terrenos geológicos com vocação para hospedar mineralizações de grafita no território brasileiro. A base de dados disponibili- zadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) permite rastrear registros de cadastramento de ocorrências minerais e dados de geologia básica, a partir da integração e processamento desses dados vetorizados em qualquer plataforma GIS. O resultado desse processamento a partir de dados de todas as “Cartas Geológicas do Brasil ao Milionésimo” revela 266 re- gistros de ocorrências de grafita no Brasil (classificadas, segundo critérios da CPRM em: 31 depósitos minerais, 230 ocorrências e 5 indícios de mineralização - ver círculos amarelos no mapa da figura publicada neste texto). Para rastrear as minas de grafita em produção o melhor ca- minho é acessar os dados de controle de direitos minerários dis- ponibilizados pelo DNPM (Agencia Nacional de Mineração) para todos os Estados e Distrito Federal. O resultado desse processa- mento (visita Sigmine em 10 setembro 2018) identifica 433 pro- cessos ativos no DNPM com substância declarada com grafita, dos quais 29 tramitam na fase de concessão de lavra. O fato de uma mesma empresa ter processos contíguos na fase de concessão de lavra não permite afirmar que existem 29 minas de grafita em operação; então, o cruzamento dos dados vetoriais referentes aos polígonos que identificam as concessões de lavra com imagem Google (por exemplo) possibilita individua- lizar cavas/pits, usinas de processamento e barragem de rejeitos. Todas essas concessões de lavra para grafita estão distribuí- das para seis empresas das quais três delas desenvolvem opera- ção de lavra em seis minas (ver figura da página anterior) posicio- nadas na divisa dos estados de MG e BA (Pedra Azul/MG - Salto da Divisa/BA) e as outras três minas localizadas a sudoeste de Belo Horizonte (Itapecerica e Itaúna/MG). O posicionamento das minas ativas e a distribuição das ou- tras áreas que tramitam no DNPM em fases de Concessões de Lavra, Requerimentos de Lavra e Relatório Final de Pesquisa Po- sitivos mostram relação com terrenos geológicos caracterizados por alto grau metamórfico (fácies granulito e anfibolito). A partir dessa informação, é possível realizar filtros na base de dados vetorizados, via tabela de atributos dos shapefiles, para identificar unidades geológicas de alto grau metamórfico. O re- sultado desse processamento permite identificar belts granuliti- cos (e anfibolíticos) que, conforme mostrado acima, são alvos po- tenciais para prospectar mineralizações de grafita flake (ou lump) em todo território brasileiro. Cabe ressaltar que o posicionamento de parte significativa das ocorrências minerais cadastradas pelo projeto da CPRM coin- cide com os belts de alto grau metamórfico (granulítico e anfibo- lítico) indicados pelo processamento (filtros) realizados. Ocorrências de grafita posicionadas fora das faixas granulíti- cas, em boa parte, estão associadas a faixas de rochas caracteri- zadas por baixo grau metamórfico (fácies xisto verde). Não temos dúvida de que, em razão da importância estraté- gica da grafita para a indústria em geral, há ambiente geológico atrativo para desenvolvimento de programas de exploração em extensas áreas com potencial prospectivo. Justificados os orçamentos (com base em expectativas de mercado e interesse de empresas) o próximo passo é pegar o martelo, a botina e ir para campo. A chance de se alcançar re- sultados é real (dentro dos riscos inerentes a esse investimento). 12 | Agosto / Setembro 2018 Demanda crescente de baterias íon-lítio e a corrida por novos depósitos O setor de commodities minerais relacionados à produção de pi- lhas e baterias indica um cenário global atrativo para empreendedores que apostarem na transformação de insights de mercado em oportu- nidades de negócio, financiando programas de exploração mineral (e, também, desenvolvimento de processos) para obter produtos mais eficientes – e de custo mais baixo - para armazenamento de energia. Unidades de produção de energia eólica, energia solar e cons- trução de veículos elétricos puros (VEs) e híbridos (VEHs) utilizam baterias para armazenamento de energia, criando demanda para cobalto, lítio, cobre (muito cobre), grafite e manganês. Os apare- lhos eletrônicos portáteis também necessitam desses minerais. Dois tipos de baterias e pilhas estão disponíveis no mercado: 1. Baterias e pilhas primárias (ou secas) dentre as quais se destaca a de zinco-carbono. O termo bateria e pilha seca tem relação com o estado pastoso (e não líquido) do eletrólito 2. Baterias e pilhas secundárias (recarregáveis) são usadas em si- tuações que exigem alta potência (maior corrente elétrica em tem- po menor); é o caso das baterias ion-lítio Baterias e pilhas têm ciclo de vida útil limitado, o que significa volu- mes expressivos para descarte de materiais com alto potencial poluidor, que deverá ser adequadamente administrado para atender protocolos de sustentabilidade global e regional, visando à qualidade de vida e pro- teger recursos minerais (não renováveis) essenciais para gerações futuras. A conferência anual Minor Metals Trade Association (MMTA) que ocorreu em Montreal 2018 (www.metalbulletin.com) destaca: • O crescimento da indústria de equipamentos eletrônicos portá- teis se apresenta com taxas de crescimento anual de 8 a 10% • Projeções recentes para demandas de baterias íon-lítio na indús- tria de VEs e VEHs sinalizam taxas de crescimento anual entre 20 e 30% até o ano de 2024 • O crescimento global em grande parte será liderado pelo merca- do chinês com seu agressivo programa de automóveis com emissão zero, sendo que esse comprometimento já em prática mostra que 8% de todos os veículos vendidos (China) em 2018 é esperado que sejam VEs, com projeção estimada para 12% em 2020 (Figura 1) • Aproximadamente 48% do custo total de produção do VEs está