COL U N A
D O
G E ÓLOG O
terrenos geológicos com vocação para hospedar mineralizações
de grafita no território brasileiro. A base de dados disponibili-
zadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) permite rastrear
registros de cadastramento de ocorrências minerais e dados de
geologia básica, a partir da integração e processamento desses
dados vetorizados em qualquer plataforma GIS.
O resultado desse processamento a partir de dados de todas
as “Cartas Geológicas do Brasil ao Milionésimo” revela 266 re-
gistros de ocorrências de grafita no Brasil (classificadas, segundo
critérios da CPRM em: 31 depósitos minerais, 230 ocorrências e
5 indícios de mineralização - ver círculos amarelos no mapa da
figura publicada neste texto).
Para rastrear as minas de grafita em produção o melhor ca-
minho é acessar os dados de controle de direitos minerários dis-
ponibilizados pelo DNPM (Agencia Nacional de Mineração) para
todos os Estados e Distrito Federal. O resultado desse processa-
mento (visita Sigmine em 10 setembro 2018) identifica 433 pro-
cessos ativos no DNPM com substância declarada com grafita,
dos quais 29 tramitam na fase de concessão de lavra.
O fato de uma mesma empresa ter processos contíguos na
fase de concessão de lavra não permite afirmar que existem 29
minas de grafita em operação; então, o cruzamento dos dados
vetoriais referentes aos polígonos que identificam as concessões
de lavra com imagem Google (por exemplo) possibilita individua-
lizar cavas/pits, usinas de processamento e barragem de rejeitos.
Todas essas concessões de lavra para grafita estão distribuí-
das para seis empresas das quais três delas desenvolvem opera-
ção de lavra em seis minas (ver figura da página anterior) posicio-
nadas na divisa dos estados de MG e BA (Pedra Azul/MG - Salto
da Divisa/BA) e as outras três minas localizadas a sudoeste de
Belo Horizonte (Itapecerica e Itaúna/MG).
O posicionamento das minas ativas e a distribuição das ou-
tras áreas que tramitam no DNPM em fases de Concessões de
Lavra, Requerimentos de Lavra e Relatório Final de Pesquisa Po-
sitivos mostram relação com terrenos geológicos caracterizados
por alto grau metamórfico (fácies granulito e anfibolito).
A partir dessa informação, é possível realizar filtros na base
de dados vetorizados, via tabela de atributos dos shapefiles, para
identificar unidades geológicas de alto grau metamórfico. O re-
sultado desse processamento permite identificar belts granuliti-
cos (e anfibolíticos) que, conforme mostrado acima, são alvos po-
tenciais para prospectar mineralizações de grafita flake (ou lump)
em todo território brasileiro.
Cabe ressaltar que o posicionamento de parte significativa
das ocorrências minerais cadastradas pelo projeto da CPRM coin-
cide com os belts de alto grau metamórfico (granulítico e anfibo-
lítico) indicados pelo processamento (filtros) realizados.
Ocorrências de grafita posicionadas fora das faixas granulíti-
cas, em boa parte, estão associadas a faixas de rochas caracteri-
zadas por baixo grau metamórfico (fácies xisto verde).
Não temos dúvida de que, em razão da importância estraté-
gica da grafita para a indústria em geral, há ambiente geológico
atrativo para desenvolvimento de programas de exploração em
extensas áreas com potencial prospectivo.
Justificados os orçamentos (com base em expectativas de
mercado e interesse de empresas) o próximo passo é pegar o
martelo, a botina e ir para campo. A chance de se alcançar re-
sultados é real (dentro dos riscos inerentes a esse investimento).
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Agosto / Setembro 2018
Demanda crescente de baterias íon-lítio
e a corrida por novos depósitos
O setor de commodities minerais relacionados à produção de pi-
lhas e baterias indica um cenário global atrativo para empreendedores
que apostarem na transformação de insights de mercado em oportu-
nidades de negócio, financiando programas de exploração mineral (e,
também, desenvolvimento de processos) para obter produtos mais
eficientes – e de custo mais baixo - para armazenamento de energia.
Unidades de produção de energia eólica, energia solar e cons-
trução de veículos elétricos puros (VEs) e híbridos (VEHs) utilizam
baterias para armazenamento de energia, criando demanda para
cobalto, lítio, cobre (muito cobre), grafite e manganês. Os apare-
lhos eletrônicos portáteis também necessitam desses minerais.
Dois tipos de baterias e pilhas estão disponíveis no mercado:
1. Baterias e pilhas primárias (ou secas) dentre as quais se destaca
a de zinco-carbono. O termo bateria e pilha seca tem relação com
o estado pastoso (e não líquido) do eletrólito
2. Baterias e pilhas secundárias (recarregáveis) são usadas em si-
tuações que exigem alta potência (maior corrente elétrica em tem-
po menor); é o caso das baterias ion-lítio
Baterias e pilhas têm ciclo de vida útil limitado, o que significa volu-
mes expressivos para descarte de materiais com alto potencial poluidor,
que deverá ser adequadamente administrado para atender protocolos
de sustentabilidade global e regional, visando à qualidade de vida e pro-
teger recursos minerais (não renováveis) essenciais para gerações futuras.
A conferência anual Minor Metals Trade Association (MMTA)
que ocorreu em Montreal 2018 (www.metalbulletin.com) destaca:
• O crescimento da indústria de equipamentos eletrônicos portá-
teis se apresenta com taxas de crescimento anual de 8 a 10%
• Projeções recentes para demandas de baterias íon-lítio na indús-
tria de VEs e VEHs sinalizam taxas de crescimento anual entre 20 e
30% até o ano de 2024
• O crescimento global em grande parte será liderado pelo merca-
do chinês com seu agressivo programa de automóveis com emissão
zero, sendo que esse comprometimento já em prática mostra que
8% de todos os veículos vendidos (China) em 2018 é esperado que
sejam VEs, com projeção estimada para 12% em 2020 (Figura 1)
• Aproximadamente 48% do custo total de produção do VEs está