Edição Agosto/Setembro Edição 396MM | Page 10

COL U N A D O G E ÓLOG O Grafita no Brasil: oportunidades para programas de exploração mineral O mineral grafita (ou grafite), pode ser incluído numa lista apelidada de “substâncias portadoras de futuro” onde se inclui os me- tais lítio, cobalto, metais do grupo da platina, molibdênio, nióbio, silício (grau solar, pureza 99.99%), tálio, tântalo, titânio e vanádio. Grafita é uma variedade alotrópica na- tural do carbono; a outra é o diamante. São substâncias de mesma composição química (carbono) mas organizadas em sistemas cris- talinos distintos que se reflete, entre outras coisas, nas suas propriedades físicas. É mine- ral não metálico muito versátil cujas caracte- rísticas são: condutividade elétrica e térmica elevadas (superiores), inércia química (alta resistência à corrosão), excelente lubrificante natural e ponto de fusão elevado (3.650oC), entre outras. Há dois tipos de ocorrências comuns: grafita cristalina que ocorrem em terrenos geológicos de alto grau metamórfico e grafita micro cristalina encontrada em terrenos geo- lógicos de baixo grau metamórfico. Nesse contexto existem três formas natu- rais de grafita: • Amorfa (conteúdo de carbono entre 65% e 85%) - pureza mais baixa, preço baixo e ten- dência de baixa demanda no mercado); • flake (conteúdo de carbono > 85%) - alta demanda, produto mais procurado pelo mer- cado; • lump ou veio (conteúdo de Carbono > 95%) - mercado espe- cífico, baixa demanda e crescimento discreto. Segundo dados do USGS (https://minerals.usgs.gov/mine- rals/pubs/mcs/2018/mcs2018.pdf), em 2017 o Brasil ocupou a terceira posição no ranking dos maiores produtores globais de grafita (95.000 TM – toneladas métricas) atrás da China (780.000 TM) e Índia (150.000 TM). Nessa mesma publicação, o preço de importação pago pelos americanos (dólar médio por tonelada métrica no porto de origem) foi de US$ 1400/TM (flake), US$1800/TM (lump) e US$ 392/TM (amorfa). O interesse do mercado da indústria mineral por grafita vem crescendo ultimamente em boa parte pela expectativa de produção de baterias visando armazenar energia eólica, solar 10 | Agosto / Setembro 2018 e, especialmente, para atender produção de veículos elétricos e híbridos e aparelhos eletrônicos de uso pessoal (computa- dores, celulares etc.). Um aspecto que pode impactar o mercado de grafita é o fato de que o governo chinês ter políticas restritivas para con- trole de exportações e que deve se tornar mais severa pela “guerra comercial” (medidas protecionistas) deflagrada recen- temente pelo EUA contra China. Segundo a publicação do USGS (acima citada), não há mi- nas de grafita em produção nos Estados Unidos e, no período entre 2013 e 2016, visando atender demandas de suas indús- trias, importaram grafita da China (37%), México (31%), Cana- dá (17%), Brasil (8%) e outros países (9%). Os mercados americanos e europeus classificam o mine- ral grafita como “material estratégico” tanto para a indústria como para propósitos de segurança nacional. Esse cenário favorece (cria atratividade) para desenvolvi- mento de programas de exploração mineral com expectativas de gerar novos depósitos, para compensar eventuais restri- ções do mercado chinês às exportações para atender deman- das em ascensão de baterias recarregáveis para veículos elé- tricos. Esse contexto estimula uma análise preliminar para avaliar