Edição 569 Julho/Agosto EDIÇÃO 569 | Page 76

R a n k i n g d a E n g e n h a r i a B r a s i l e i r a
BNDES projeta R $ 23 bi à infraestrutura
O BNDES se mantém na posição de principal fonte de financiamento de projetos de infraestrutura . Estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros ( Anbima ) indica que o banco forneceu 73 % do total de R $ 18 bilhões financiados de projetos em 2017 , inclusive repasses — participação essa que se manteve estável nos anos recentes . A previsão para 2018 em aportes para infraestrutura pelo BNDES chega a R $ 23 bilhões , com estimativa de R $ 9 bilhões para transportes e saneamento e R $ 14 bilhões para energia .
O financiamento através do mercado de capitais ganhou impulso , somando 11,5 % das transações em 2017 , versus apenas 2,7 % em 2012 , tendo atingido o pico de 30 % em 2014 . Os bancos caminharam em sentido oposto , saindo de 20,7 % dos financiamentos de projetos em 2012 para meros 1,9 % em 2017 .
Os efeitos do “ petrolão ” continuam a causar estragos na indústria do petróleo e gás , com financiamento zero de projetos desde 2015 . O setor de telecomunicações também ficou fora desse mercado no período . Os projetos de energia elétrica ampliaram seu predomínio nos financiamentos , expandindo de 74 % em 2016 para 90 % em 2017 .
O BID Invest , setor do banco interamericano dedicado ao setor privado , planeja expandir o volume de financiamento em infraestrutura no País para mais de US $ 500 milhões / ano , não só diretamente , mas também associado a investidores globais . O fundo B2 Infra lançado em maio deve entrar em operação no 1 º semestre de 2019 , no total de US $ 1,5 bilhão , com 10 % do BID , 30 % do BNDES e o saldo sendo captado junto ao setor privado e investidores institucionais .
A meta é investir em instrumentos de dívida nos setores de energia , saneamento , transportes e infraestrutura social como hospitais e escolas . Em energia , outra frente de interesse do BID está no setor de transmissão , onde projetos negociados nos leilões recentes equivalem à inversão de R $ 30 bilhões e a maioria ainda busca financiamento .
Ingresso de capital global prossegue
Mesmo que o volume anual de capital global que ingressa no País nos anos recentes não seja considerado à altura do seu potencial — ainda mais se comparado às carências colossais do mercado de infraestrutura e a continuada escassez de recursos públicos oriundos da rubrica investimentos do governo nas três esferas administrativas —, a verdade é que esse fluxo do exterior prossegue . Segundo a IIF — sigla em inglês do Instituo de Finanças Internacionais , houve ingresso de
CINCO PAÍSES EMERGENTES SUPERARAM O BRASIL EM INGRESSO DE CAPITAL EXTERNO
China Índia Turquia México Argentina
US $ 73,7 bilhões US $ 32 bilhões US $ 24 bilhões US $ 22 bilhões US $ 21,7 bilhões
US $ 11,6 bilhões de capital externo no País no 1 º semestre do ano , comparado a US $ 8,1 bilhões do mesmo período de 2017 .
Algumas transações nos últimos doze meses envolvendo capital global chamaram atenção . O maior fundo de pensão canadense – Canada Pension Plan Investment Board ( CPPIB ) – alocou o equivalente a R $ 690 milhões para formar com ativos da Votorantim Energia uma geradora eólica que começa com 565 MW , avaliados em cerca de R $ 3 bilhões , com ambição de dobrar essa produção em alguns anos . Serão transferidos a essa empresa os parques eólicos Ventos do Piauí I e Ventos de Araripe II , na divisa do PI-PE .
A Alberta Investment Management Corp . do Canadá assinou com a gestora brasileira IG4 Capital acordo para injetar R $ 400 milhões no FIP Iguá , controlador da Iguá Saneamento que reúne os ativos da antiga CAB Ambiental . Esses recursos vão acelerar os investimentos da empresa que detém 18 operações em 25 municípios , com 6,6 milhões de pessoas .
O fundo soberano de Cingapura , conhecido como GIC , investiu cerca de R $ 1 bilhão na operadora mineira Algar Telecom , parte do qual será destinado ao reforço da sua atuação no segmento corporativo no Sul e Sudeste e impulsionar a expansão no Nordeste .
As estatais chinesas tem sido das mais ativas . A CCCC-China Communications Construction Co . ( CCCC ), que se associou à WPR Participações para desenvolver um terminal multicargas em São Luís ( MA ), assinou financiamento com o Banco Industrial e Comercial da China para implementar o complexo destinado a movimentar 25 milhões t / ano , com acesso estratégico à BR-135 MA-MG e ferrovia de Carajás e a futura Transnordestina . Seu custo é estimado em R $ 2,2 bilhões .
A CCCC ainda assinou acordo recente com o fundo Anessa para desenvolver o terminal graneleiro privado de Babitonga , em São Francisco do Sul ( SC ), sujeito a due dilligence . Por sua vez , a China Merchant Port pagou R $ 2,9 bilhões por 90 % da TCP , operadora do Terminal de Contêineres de Paranaguá ( PR ) — quarto em movimento no País .
Statoil da Noruega , associada à Statec Solar , lançou seu primeiro parque solar chamado Apodi ( CE ), de 162 MW , ao custo estimado de US $ 215 milhões . ( ver outras informações na tabela de Investimentos desta seção ).
Pesquisa anual está na 47 ª edição
O Ranking da Engenharia Brasileira 2018 é uma pesquisa anual exclusiva da revista OE que envolve cerca de três mil empresas nos qua-
Obras de expansão de terminais portuários avançam
O investimento para aumentar a capacidade de operação dos Terminais de Uso Privado , conhecidos como TUP , superou a marca de R $ 4 bilhões entre 2013 e 2017 – os recursos foram destinados a 11 empreendimentos ao longo da costa do País .
Levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados ( ATP ) revela um aporte do setor privado cinco vezes maior que os investimentos do setor público para melhoria da capacidade portuária .
Ano passado , foram investidos R $ 2,7 bilhões na área portuária , sendo o setor privado responsável por 87 % do valor total aplicado .
Um dos terminais privados que realizam obras de expansão nos últimos anos é o Porto Itapoá , localizado no Norte de Santa Catarina . A empresa acabou de concluir a primeira fase das obras de expansão , que vai permitir ao TUP dobrar sua capacidade . A ampliação , iniciada em 2016 , contempla 100 mil m ² adicionais de pátio e mais 170 m de píer , totalizando recursos de R $ 360 milhões .
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