Edição 569 Julho/Agosto EDIÇÃO 569 | Page 38

F erro v ias Expansão da Estrada de Ferro Carajás é concluída Com obras iniciadas em 2012, o projeto de expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) foi finalmente finalizado, com 542 Km duplicados. Com o fim dos trabalhos, a capacidade de transporte a ser alcançada é de 230 milhões de t/ano. O escopo principal da obra de Expansão da EFC foi a duplicação de 578 km, renovação de 226 km do ramal existente, construção de 42 pon- tes e 48 viadutos, uma ponte rodoviária e seis viadutos ferroviários. A duplicação tem objetivo essencial de atender ao Programa S11D da Vale, que incluindo mina, usina e sistema logístico. Os investimentos na expansão no Programa S11D foi da ordem de US$ 14,3 bilhões, sendo US$ 6,4 bilhões aplicados na implantação da mina e da usina e US$ 7,9 bilhões no sistema logístico, que compreende a construção de um ramal ferroviário de 101 km, expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), com obras no Maranhão e Pará, e ampliação do Terminal Ferroviário e Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). O investimento na expansão da capacidade logística da Vale também incluiu a construção de um moderno complexo de oficinas de manuten- ção, localizado no Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira. As novas oficinas de locomotivas e vagões foram inauguradas em maio de 2016 e ocupam uma área de 20 mil m² dentro do empreendimento. O complexo adota tecnologias inéditas, capazes de tornar o ciclo de manutenção preventiva e corretiva da frota ainda mais eficiente. Hoje, são quase 20 mil vagões e 220 locomotivas utilizados para fazer o transporte de minério de ferro entre os Estados do Pará e o Maranhão. Utilizando conceito de “pit stop”, as novas oficinas garantem Execução ousada A Construtora Aterpa executou para a Vale a duplicação da Ferrovia de Carajás no Estado do Maranhão, no trecho compreendido entre os municípios de São Luís e Santa Rita, com uma extensão de 47 km. O escopo do contrato compreendeu a execução de toda terraplenagem, com volume de cortes de 1.612.000 m³, tratamentos de solos com baixa resistência, quatro viadutos rodoviários, um viaduto ferroviário, duas pontes, in- fraestrutura de sinalização, drenagens, além de toda a superestrutura ferroviária. Os maiores desafios da obra foram a execução dos serviços ao lado da linha em operação com afastamento de 5,0 m; tratamento de solos com baixa resistência utili- zando colunas de areia ensacadas (Ringtrac), reforços com geogrelhas e drenos fibroquí- micos, além da instrumentação e monitoramento geotécnico ao longo de toda a obra; execução das fundações em estacas escavadas com diâmetro de 1.400 mm na ponte sobre o Estreito dos Mosquitos, com variações de maré superiores a 4,0 m; montagem e lançamento de 697,4 t de estrutura metálica da ponte sobre o Estreito dos Mosquitos 36 | | J u l h o /A g o s to 2018 eficiência à operação da Estrada de Ferro Carajás (EFC). O complexo de oficinas do Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira inclui um novo Posto de Inspeção e Abastecimento de Locomotivas (PIAL), o Complexo de Troca de Rodeiros (CTR) e ainda o Complexo de Manuten- ção de Rodeiros (CMR). Em cada local desse é realizada uma atividade diferente do processo de manutenção. O processo funciona da seguinte forma: os trens com 330 vagões vindos de Carajás, no sudeste do Pará, são separados em blocos de 110 vagões para facilitar a descarga. Enquanto o minério é retirado, as loco- motivas seguem para revisão no PIAL, que tem capacidade para atender até 12 locomotivas simultaneamente. Além de uma maior integração dos processos, o principal benefício foi a redução do tempo de preparação das locomotivas para uma nova viagem, que pode durar até 90 minutos. Este é o novo conceito de “pit stop” implantado. Depois de descarregados, os vagões são conduzidos pelas locomo- tivas já revisadas e abastecidas até o Centro de Troca de Rodeiros. O rodeiro integra rodas, rolamentos e eixo e permite a movimentação do vagão sobre os trilhos. No CTR, os rodeiros que precisam de manutenção são retirados e trocados por outros em perfeitas condições de uso. O Centro tem capacidade de atender até 2 mil vagões/dia. Neste novo método, que dura até 15 minutos, não há mais necessidade de separar o vagão com o rodeiro danificado do bloco, como era feito antes. A troca com o bloco integrado diminui o tempo de parada na manutenção. Os rodeiros que precisam de manutenção são enviados ao Centro de Manutenção de Rodeiros, outra grande oficina do complexo. Aqui, equipamentos de última geração realizam o reparo necessário, deixando o rodeiro apto a ser utilizado em novas viagens. Locomotiva abasteci- da e revisada, rodeiros trocados, chega a hora de montar o trem que seguirá viagem até Carajás. O sistema utilizado pela Vale para garantir alta capacidade de transporte é chamado de Locotrol. Nele, utiliza-se três blocos com 110 vagões mais três locomotivas alocadas em longo da composição. Com esse formato, os trens chegam a ter 3,5 km de extensão, os maiores em circulação regular no País. Em 2017, a EFC movimentou um total de 175,8 milhões de t de cargas (minério de ferro, grãos e combustível), um acréscimo de 12% em relação a 2016. Destaque para o minério de ferro, principal produto transportado na EFC, totalizando 171,5 milhões de t no período. pelo método de empurramento; e execução de seis travessões universais (TU´s). No entanto, a maior conquista foi atingir a impressionante marca de cerca de 6.000.000 HHT (seis milhões de horas-homens-trabalhadas) sem acidentes com afas- tamento, em uma obra que chegou a ter até 1.302 colaboradores diretos e mais de 320 subcontratados em seu pico. A obra foi concluída estritamente dentro do prazo contratual, tendo sido liberada para utilização pela Vale no dia seguinte de sua finalização em 1º de setembro de 2017. O sucesso da obra, reforça o posicionamento da Construtora Aterpa na execução de projetos complexos, o que pode ser verificado na própria região, onde foram executadas, concomitantemente, as obras de Duplicação da BR -135/MA, que contemplou além dos trabalhos de terraplenagem, pavimentação, drenagem, obras de arte especiais e rema- nejamento da ferrovia Transnordestina, numa extensão de 18 km, tendo como parte do escopo o tratamento de solos moles com a execução de 1.200.000 m de coluna de brita, diâmetro 0,80 m, podendo ser considerada a maior obra executada com esta metodolo- gia no País, com equipamentos próprios e importados para este fim.