Edição 569 Julho/Agosto EDIÇÃO 569 | Page 26

M o b ilidade U r b a n a Acabamento das estações caminhou junto com a implantação de sistemas Augusto Diniz As quatro estações (São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstoi e Vila União) que a Concrejato Engenharia realizou acabamento na Linha 15 - Prata do monotrilho de São Paulo (SP) teve como grande desafio conviver com outras obras em andamento no ramal, essencialmente relacionadas à montagem dos complexos sistemas do novo ramal do metrô paulistano. Quem explica é o engenheiro civil Felipe Menezes, diretor de Opera- ções da Concrejato. A empresa foi contratada, por meio de licitação do Metrô de São Paulo, para realizar nas quatro estações todos os acaba- mentos (esquadrias, brises, pisos e forros), inserção das estruturas metáli- cas, acessos ao corpo central do monotrilho e paisagismo, tratamento de concreto e redes de água pluvial e dos banheiros. Cita-se ainda que cada estação con- ta com edifício técnico operacional (ETO), onde a construtora também fez serviços de acabamentos externos. O escopo en- volvia ainda a montagem de cabines blin- dadas das estações. “A interface com várias empresas de sis- temas, já que a estrutura civil havia sido feita, mas faltavam os acabamentos, foi um desa- fio”, afirma. Ele relata que no tratamento de concreto dos pilares do monotrilho, a primeira etapa de trabalho de acordo com o cronograma, por exemplo, teve que se executar o mais rápido possível, para entrada dos serviços de implantação dos sistemas, que incluía a monta- gem da plataforma e os cabeamentos. A estações padrões no monotrilho medem 8 mil m² cada uma, com dois andares – considerando acessos, áreas externas, mezanino e plata- forma. Nelas, procedem-se simultaneamente o acabamento e a pesada montagem eletromecânica típica de um sistema metroviário. As obras de acabamento tiveram início em novembro de 2016 e foi entregue no mês de maio. Os trabalhos chegaram a ter um contingente de cerca de 400 trabalhadores. Felipe Menezes conta que a Concrejato adotou metodologia de acompa- nhamento de obra para evitar atrasos. Ele explica que a ferramenta faz compar- tilhamento diário das atividades aos engenheiros e a equipe de planejamento. “A metodologia permite fazer ajustes rapidamente. Tudo que não aconteceu de acordo com o planejado é apontado pela ferramenta, viran- do interferências. Ela detecta imediatamente os desvios. A metodologia foi desenvolvida a partir do conceito lean construction”, conta Felipe Menezes. O engenheiro ressalta que se algo ocorrer fora do planejado, o gestor vai sa- ber imediatamente o que houve e a interferência é tratada para que os trabalhos voltem à normalidade. O sistema é proprietário da Concrejato. “O foco é garantir a entrega”, diz. De acordo com Felipe, há quatro anos que a ferramenta foi imple- mentada na construtora, mas que nessa obra do metrô ela se consolidou. ESTRUTURAS Um vidro especial do tipo Bioclean foi adotado nas estações. Também conhecido como autolimpante, esse vido é fabr icado pela deposição de uma camada transpa- rente de material mineral fotocatalítico e hidrofílico, sobre a chapa de vidro incolor, 24 | | J u l h o /A g o s to 2018 utilizando-se nanotecnologia, explica o engenheiro. “O revestimento, que é integrado ao próprio vidro, garante alto nível de durabilidade. As propriedades mecânicas, térmi- cas e acústicas do Bioclean são idênticas às de um vidro comum. Na prática, trata-se de uma camada protetora que faz com que a água escorra totalmente sobre o vidro, impedindo que poeira e todo tipo de sujeira se depositem sobre ele”, relata. O projeto determinou a utilização do vidro Bioclean nos locais de di- fícil acesso nas estações, justamente para evitar a necessidade de limpeza constante. A quantidade utilizada desse vidro especial gira em torno de 2 mil m², de acordo com a Concrejato. Já o posicionamento das estruturas metálicas contou com um plano de rigging rigoroso para sua montagem, já que a linha do monotrilho foi construída sob movimentadas vias da Zona Leste da capital paulista. O engenheiro relata que montava os trechos da estrutura metálica nos canteiros, que ficam imediatamente abaixo de cada estação. Dali se içava as estruturas. A carreta tombava as estruturas no canteiro, e guin- dastes de 40 t a 100 t içavam o material. Os trabalhos eram realizados durante à noite, para evitar interrupção de trânsito de dia. No posiciona- mento das estruturas, não eram feitas soldas, somente aparafusamento para ligação dos trechos metálicos, expõe Felipe. “O maior desafio foi a pré-montagem nas fábricas de estrutura me- tálica, o acompanhamento minucioso de todo o processo produtivo, as montagens em etapas na obra e todos os encaixes das belas estruturas espaciais”, afirma o diretor. Em média, os trechos eram içados com 30 a 40 t e posicionados de 25 a 30 m de altura em relação ao solo. Em média, depois de todo o transporte das estruturas em peças até a obra, e depois de todo material conferido e liberado pela equipe de enge- nharia, a montagem na cobertura durava de três a quatro semanas. Uma passarela metálica tipo tabuleiro, ligando os acessos ao corpo central da estação, também teve trabalho de içamento. As passarelas foram projeta- das com um piso inteiriço que variava de 20 a 30 m e peso de 25 a 30 t. Em seguida, a parte de estruturas curvas superiores era montada para receber a cobertura e o fechamento lateral em vidro laminado, menciona o engenheiro. Todas as estruturas metálicas de coberturas, passarelas, escadas e estrutu- ras menores das estações, juntas, somam aproximadamente 700 t nas quatro estações, informa a Concrejato. Nas quatro estações foram implantadas ainda 3 mil m² de esquadrias, 2 mil m² de brises e 3 mil m² de piso em granito.