Edição 567 Março/Abril 2018 | Page 6

F ó r u m d a E n g e n h a r i a Com o fim dos juros subsidiados, Santander quer crescer em project finance O maior banco privado do País em project finance, o San- tander, quer ocupar espaço na estruturação financeira de projetos de grande porte no País. Antes, o estatal BNDES é quem liderava essas operações por oferecer taxas de juros bem abaixo das aplicadas no mercado. A área de Project Finance do Santander já existe há mais de 15 anos, mas agora deve ganhar impulso com a transição para um novo modelo des- se tipo de modalidade de financiamento. Quem explica é Edson Ogawa, responsável pelo setor na instituição finan- ceira. “No passado, 85% das iniciativas de project finance saía do BNDES. Hoje, com a taxa (do banco estatal) mais próxi- ma do mercado, abre espaço para atuação do setor priva- do”, avalia o executivo. Edson acredita numa redução cada vez maior dos subsídios do governo nos próximos anos para operações de financiamento, o que favorecerá os bancos privados. “É um caso diferente o que ocorria no Brasil com atua- ção do BNDES”, acrescenta ele, ressaltando que nas gran- des economias o setor privado tem maior participação no financiamento da infraestrutura. Porém, o executivo lembra que entre o leilão das conces- sões no Brasil e o amadurecimento do projeto e a aprovação do financiamento pelo BNDES, o processo levava de 1 a 2 6 | | A b r i l / M a i o 2018 anos. “Nesse período inicial da concessão eram os bancos pri- vados que faziam os empréstimos para começar a operação, por meio dos chamados empréstimos-ponte, enquanto se es- truturava o financiamento de longo prazo no BNDES”, cita. Com o fim dos subsídios, o financiamento de longo pra- zo no setor privado ganhou corpo. Edson crê agora na im- portância não somente do empréstimo do banco comercial à infraestrutura, mas a participação de instituições multi- laterais e de fomento do Exterior nesse tipo de operação aqui no Brasil. A Usina Termoelétrica Porto de Sergipe a gás, joint ven- ture das empresas Golar Power e Ebrasil, em construção naquele Estado, é um os projetos recentes que o Santander participa da estruturação financeira. O project finance no setor de energia é um dos que tem mais potencial de acesso, segundo Edson. “Por que tem o aspecto regulatório, que é mais avançado, embora precise de ajustes. Existe um conforto maior de se fazer financia- mento”, afirma ele. Em aeroportos o setor financeiro tem também identifi- cado mais conforto na realização de operações de project finance, por que os players internacionais que assumiram recentemente quatro aeroportos no País (Zurich, Vinci e Fraport) são experientes no ramo. Na área de óleo e gás, de acordo como executivo do Santander, havia volume alto na modalidade, mas atual- mente se aguarda retomada dos negócios no segmento. “O governo precisa colocar novos projetos de quali- dade para aumentar o investimento”, ressalta. “É funda- mental ainda que se tenham taxas de juros minimamente razoáveis para não penalizar a concessão, mantendo a esta- bilidade do negócio. Assim, o financiamento será natural”. O setor de Projeto Finance do Banco Santander conta com equipes direcionadas ao aten- dimento às áreas de infraes- trutura logística (transportes), energia e óleo e gás. Em 2016, o volume financeiro das ope- rações de créditos a projetos alcançaram US$ 2,4 bilhões. (Augusto Diniz)