Edição 564 Novembro/Dezembro OE_564_final | Page 28

“ É muita gente ”
S a b e s p / O b r a s
“ É muita gente ”
O engenheiro Edison Airoldi , diretor de Tecnologia , Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp , é responsável pelas obras de segurança hídrica e de abastecimento da companhia . Ele sintetiza a situação que é lidar com a Região Metropolitana de São Paulo ( RMSP ) onde vivem hoje 21 milhões de pessoas : “ É muita gente e pouca água ”.
Para isso , segundo ele , é preciso olhar os projetos com “ visão espacial e temporal ; observar as taxas de natalidade , as migrações na região . Olhar para o futuro ”. É em cima dessas premissas que a Sabesp desenvolveu recentemente três projetos estruturantes para garantir a oferta de água da crescente população .
“ Queremos proporcionar não somente segurança hídrica ( que seria a reservação de água ), mas segurança de abastecimento ( distribuição de água ao consumidor )”, explica .
Esses três projetos estruturantes são o Sistema Produtor São Lourenço , a Interligação Jaguari-Atibainha e o aumento da capacidade do Sistema Produtor de Alto Tietê com a Transposição do Rio Itapanhaú ( obra ainda não iniciada ).
Ele explica que o Sistema Produtor São Lourenço refor-
çará o abastecimento de água na região oeste da região metropolitana , que é a que mais cresce . O Sistema Produtor de Cotia , que hoje atende a região , tem produção de apenas 2 m ³/ s .
Já a Interligação Jaguari-Atibainha proporcionará segurança hídrica ao Sistema Cantareira , que atende 9,5 milhões de pessoas e é o maior da Sabesp .
Segundo Edison Airoldi , o sucesso da obra da interligação também foi uma bem sucedida adoção do Regime Diferenciado de Contratação ( RDC ), já que a obra tinha urgência na sua realização . O trabalho integrado dentro da Sabesp na construção das normas e requisitos de engenharia para o edital e , depois , o acompanhamento da obra com o consórcio construtor , onde os detalhamentos do projeto foram aprimorados , permitiu , de acordo com o diretor , alcançar os objetivos : “ Foi um desafio fazer dar certo o RDC com obra concluída no prazo , apesar da complexidade . Mas acabou sendo um sucesso e referência ”, diz .
A Transposição do Rio Itapanhaú também será feito por RDC . O projeto consiste na reversão das águas do ribeirão Sertãozinho , formador do rio Itapanhaú , para o reservatório de Biritiba-Mirim , que pertence ao Sistema Alto Tietê , com vazão média anual de 2 m ³/ s ( 2 mil l / s ). A obra contribuirá também para ampliar a segurança hídrica da capital e Grande São Paulo .
O consórcio ganhador para a execução desse projeto é o Adutora Serra do Mar , constituídos pelas empresas OAS Engenharia e Construção e a Cetenco Engenharia .
O custo da obra é R $ 91,7 milhões , com previsão de início no primeiro trimestre de 2018 . Segundo a Sabesp , serão beneficiados diretamente 4,5 milhões de pessoas da RMSP abastecidos pelo Sistema Produtor Alto Tietê . ligações da planta existente com a nova estrutura , que exigiram paradas na ETE , envolvem trabalhos de conexão nas diversas fases de tratamento .
Segundo José Molina , o restante dos serviços de ampliação foi preciso ser feito com a estação em serviço , o que também exigiu um refinado plano de ação . As obras de ampliação da ETE Barueri chegaram a reunir 700 trabalhadores no pico no final de 2014 e início de 2015 , em especial nas obras dos diversos tanques de tratamento e passagem do esgoto . A montagem hidromecânica começou em 2015 .
As obras terminaram esse ano , com a operação assistida sendo realizada pelo consórcio até outubro . O início dos trabalhos ocorreu em meados de 2013 . Foi a primeira ampliação da planta desde que foi inaugurada na década de 1980 .
VOLUMES DA OBRA 60.797 m ³ de concreto estrutural 6.444.096 kg de aço CA-50 136.966,65 m ² de fôrma 45.000 m lineares de estacas raiz
José Molina lembra que existia uma lagoa no local onde foi construída a ampliação da ETE Barueri . Assim , foi feita drenagem seguida de terraplenagem . As fundações das estruturas exigiram a cravação de 45 mil m de estacas .
No total , foram executados ( pela sequência da ampliação da ETE ) seis decantadores primários , oito tanques de aeração e seis decantadores secundários . Além disso , foram construídas duas elevatórias de retorno de lodo que leva material para o digestor existente na planta , instaladas antes da entrada do esgoto no decantador primário .
Uma casa dos compressores também foi construída . Os compressores geram oxigênio essencial para o processo de tratamento biológico nos tanques – foram instalados , por exemplo , 64 mil difusores de ar dentro dos tanques de tratamento de esgoto . “ O plano de ataque variava diante das circunstâncias e muitas obras foram simultâneas ”, conta José Molina .
Um dos tanques com difusores de ar instalados no seu fundo
A parte hidromecânica exigiu a instalação de um pipe shop para a montagem das diversas tubulações . Após o tratamento , a água é despejada no rio Tietê , que passa ao lado da planta rumo ao interior do Estado .
A obra foi financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID ), com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento ( BN- DES ), com investimento total de R $ 390 milhões . A ETE Barueri trata dejetos recolhidos de mais de 1,2 milhão de pessoas , residentes no centro e nas zonas norte , oeste e sul da capital , além das cidades de Barueri , Carapicuíba , Cotia , Embu das Artes , Itapecerica da Serra , Itapevi , Jandira , Osasco e Taboão da Serra .
28 | | Novembro / Dezembro 2017