Edição 558 Fevereiro OE-558_WEB | Page 4

E d i t o r i a l

Planejamento a longo prazo e obras definitivas

O sistema de transporte público e as enchentes de verão nas cidades continuam aguardando uma solução de longo prazo
O declínio previsível da velha política , praticada a base de conchavos em bastidores e troca de favores , ignorando a opinião pública , na maioria das vezes , deve abrir espaço para uma nova geração de gestores públicos que venham a se valer de ferramentas de administração que tiveram sucesso na iniciativa privada .
O alucinante ciclo de quatro ou oito anos — para suprir as carências de uma metrópole , Estado ou país , precisa ser substituído por planejamento que se estenda por décadas . Vamos nos limitar ao cenário de uma cidade , como exemplo , numa escala mais perceptível ao cidadão comum .
O transporte de massa necessariamente precisa ser basear no metrô e trens metropolitanos , com programas de obras que recuperem seu atraso de décadas . Numa data futura e não tão longínqua este modal precisa superar o transporte por ônibus nas regiões metropolitanas — mesmo que este ganhe melhorias como BRT e veículos híbridos e elétricos . A prefeitura e o Estado não têm recursos para tanto ? Vamos conceder as linhas a operadoras privadas .
As enchentes de verão e os deslizamentos de encostas instáveis somente serão vencidos por estudos de engenharia que indiquem obras definitivas para superar esses fenômenos . Cidades que sofrem com enchentes recorrentes em vários países têm recorrido à escavação de túneis profundos de grande diâmetro , para estocar o excesso d ’ água , que é liberado aos poucos . O exemplo mais antigo talvez seja Chicago , nos Estados Unidos .
Cingapura recicla e esteriliza 30 % da água consumida
As áreas de risco do ponto de vista geológico podem ser mapeadas por drones que produzem fotos georefereciados , servindo-se de base de estudos de campo para os projetos e as obras de estabilização . Em ambas as áreas , há empresas de engenharia competentes para articular os programas de curto e médio prazos , dimensionando as obras definitivas . É o fim de medidas paliativas como as placas que indicam os locais de enchentes em São Paulo .
Segurança hídrica é outro ponto nevrálgico das cidades brasileiras , visando garantir o abastecimento d ’ água . Mais uma vez , o estado e as prefeituras precisam contratar empresas de engenharia para projetar as obras de médio e longo prazo . Há de se incentivar sistematicamente o reúso d ’ água — ainda a solução mais sensata — inspirando-se no exemplo de Cingapura , a cidade-Estado onde 30 % da água consumida é de efluente reciclado e esterilizado .
Enfim , soluções definitivas existem e estão na prateleira . A gestão pública precisa planejar a longo prazo — e não apenas em vencer a próxima eleição , daqui a quatro anos . As despesas de custeio da máquina administrativa precisam ser reduzidas , substituindo o aumento puro e simples dos quadros de funcionários pela implantação de sistemas de tecnologia de informação . Os programas de investimentos precisam receber mais recursos .
A velha política está na berlinda . Os protestos vão voltar às ruas a partir de março ; a população cansou de esperar .
4 | O Empreiteiro | Fevereiro 2017