Edição 558 Fevereiro OE-558_WEB | Page 15

M e vimento Econômico (OECD), organismo que reúne países indus- trializados, revela que custa 90% a mais construir um TAV que alcance 350 km/h se comparado ao que atinja 250 km/h. Isso significa que apenas linhas que tenham mais do que 100 milhões de passageiros/ano e tempos de percurso de cinco horas ou me- nos, como a linha Beijing-Xangai, justificam a velocidade maior. Por esse critério, as linhas de TAV na parte ocidental e ao norte da China são deficitárias e muito. A operadora dessa rede, a estatal China Railway Corp., tem dívidas de 4 trilhões de yuans, igual a 6% do PIB do país. Apenas seis linhas mostram lucros operacionais — sem contar os custos de construção — lideradas por Beijing-Xangai, que passou a ser o TAV mais lucrativo do mundo, obtendo receita de 6,6 bilhões de yuans, equivalente a US$ 1 bilhão, em 2016. No lado oposto, segundo fontes locais, a linha Guangzu e Guizu paga 3 bilhões de yuans/ano só de juros sobre investimentos, três vezes mais do que gera com a receita de passageiros. Mas a situação de estações “fantasmas” é real. Em Xiaogan, na província de Hubei, a estação do TAV está a 100 km do centro e falta transporte de massa até ela. Em Suzhu, província de Anhui, a estação está a 45 km do centro urbano, no meio do nada. Para g a p r o j e t o s Linha Beijing-Xangai se consolidou como a principal do TAV chinês estimular o desenvolvimento, o governo construiu uma rodovia de oito pistas ligando a um polo industrial ao lado da estação. Inves- tidores ergueram fábricas de roupas, alimentos e produtos medi- cinais que, entretanto, não atraíram indústrias para produzir ali. Estação Hongqiao, em Xangai: a multidão de passageiros se aglomera em torno de marcas pintadas na plataforma da estação; o TAV para precisamente com as portas alinhadas com as marcas; a multidão embarca nos vagões em exatos 20 minutos — e um batedor de carteira leva todos os cartões de crédito de um jornalista que viajava no trem, conta um usuário www.revistaoempreiteiro.com.br | 15