Edição 557 Dez/Jan OE-557_WEB | Page 18

M e g a p r oje t o s / C a n a l do P a n a m á Navios de até 366 m já passam pelo estrutura ampliada Depois de dez anos de obras e US$ 5,4 bilhões de investimen- tos, a expansão do Canal do Panamá teve a primeira passagem de um navio em junho de 2016. Porém, o consórcio construtor Grupo Unidos por el Canal (GUPC) ainda mantém mão de obra mobiliza- da para conclusão de estradas de acesso, fazer comissionamen- tos de obras prontas e realizar outros serviços complementares. O consórcio inclui a espanhola Sacyr Vallehermoso, a italiana Salini Impregilo, a belga Jan De Nul, a holandesa Heerema Fabri- cation e a panamenha Constructora Urbana. Trata-se da maior obra recente de infraestrutura do mundo – a expansão dobrou a capacidade de passagem de navios pelo ca- nal, permitindo o tráfego de navios muito maiores — de até 366 m. No Brasil, a influência positiva será sentida principalmente nos portos do Norte e Nordeste. Chegada das comportas exigiu apurada logística para levar ao local de instalação A chegada das comportas, num total de 16, com altura equi- valente a um prédio de dez andares e peso de 3.100 t cada, desti- nadas às eclusas novas da expansão do Canal do Panamá, foi uma das etapas mais complexas da obra, já que exigiu logística apu- rada para transbordo, deslocamento e instalação e representava a essência do projeto que ampliou a transposição de um oceano (Atlântico) ao outro (Pacífico) – tanto que a obra toda é comumen- te chamada de terceiro conjunto de eclusas do Canal do Panamá. São as comportas que fazem o controle de passagem de na- vios, que deslizam para sair das câmaras embutidas nas novas eclusas, ao contrário das comportas existentes no antigo Canal do Panamá, que basculam para fora. As comportas, medindo 57,6 m de comprimento, 10 m de lar- gura e 30,19 m de altura, foram fabricadas em Trieste, na Itália. A delicada operação de transbordo do navio à doca provisória foi efetuada sobre transportadoras robóticas — plataformas com rodas motorizadas controladas por computador, que são coorde- nadas por sistemas mecânico, hidráulico e eletrônico. As plata- formas possuem um sistema computadorizado que compensa as A nova passagem, no primeiro plano - as duas outras encontram-se mais ao fundo irregularidades do terreno no percurso de transporte. A instalação das comportas representou importante etapa eletromecânica do projeto, já que envolvia a implantação de sis- temas hidráulicos de grandes dimensões. Pelo projeto de ampliação do canal, duas novas eclusas foram construídas, além de uma terceira via de tráfego de navios já em uso - aberta no lago artificial criado para atender a passagem de navios no Canal do Panamá original, há mais de 100 anos. As novas eclusas com três câmaras, podem atender navios com 366 m de comprimento, 49 m de largura e calado de 15,2 m – os Post Panamax, considerados os maiores do mundo. Cada conjunto de comportas é acompanhado por bacias de reutiliza- ção de água, medindo 430 m de comprimento, 70 m de largura e 5,5 m de profundidade. Tal arranjo permite coletar gravitacio- nalmente a água utilizada no tráfego de navios pelas comportas e reaproveita-la nesta operação. A vala de Culebra, que corta a chamada Divisa Continental, revelou-se uma das etapas mais difíceis da obra — a rocha basál- tica dura precisou ser desmontada com explosivos. O que tornou o desmonte complicado – é que foi preciso trabalhar sem afetar a passagem de navios pelo antigo canal. Para a execução das obras da ampliação, foram necessários mais de 120 projetos somente de estudos para a elaboração do plano de trabalho. Ao final das obras, o projeto já contabilizava 16 mil desenhos as-built no inventário. 18 | O E m p r e i t e i r o | D e z e m b r o 2016 / J a n e i r o 2017 Bacias recebem as águas movidas nas eclusas durante passagem de navio