Edição 500 Edição 500 | Page 32

Inside 8 Fabrício Oliboni [email protected] Pessoal/ Profi ssional Há alguns dias fiquei sabendo de uma polêmica envolvendo a banda gaúcha Apanhador Só. Logo após o lançamento do seu 3º disco, a ex-esposa de um dos integrantes da banda escreveu um longo relato no Facebook, onde expõe os supostos abu- sos da relação que teve com ele, falando em abor- to, traições e agressões físicas. O post teve grande repercussão, obviamente, e com isso a banda se pronunciou brevemente, anun- ciando o fim temporário de suas atividades, para que pudessem refletir a respeito do caso e se ex- plicariam melhor em breve com mais detalhes. Pelo teor da resposta, logicamente assumiram a culpa no cartório, não somente do integrante em questão, mas da banda num todo, que imagino que foi condi- zente com muito do que foi relatado pela moça. Importante ressaltar que a mulher em questão disse que isso tudo já tem alguns anos, e resolveu se manifestar agora pelo oportunismo da banda em lan- çar uma música intitulada “Linda, Louca e Livre”, tida como uma bandeira feminista, o que fica bem longe da realidade se tudo que foi relatado for de fato verdade. Hipocrisia e oportunismo, que foram o principal motivo para tal exposição tardia do ocorrido. Desde então, te- nho acompanhado um massacre virtual aos integran- tes da banda, o que não é surpresa alguma, né. É bom ver o engajamento em defender causas como essa, a união em prol de um bem comum, a discussão gerada visando uma maior conscientização, relatos que encorajam outras mulheres a não ficarem caladas e um recado de que não há mais espaço para impunidade com machistas, agressores e similares. Que sirva de exemplo para que situações como essa sejam cada vez mais raras, não em matéria apenas de exposição públi- ca, mas no âmbito geral. Racismo, xenofobia, relacio- namentos abusivos, homofobia... não há mais espaço para nada disso e é uma briga de todos, não somente de quem sofre diretamente com isso. Outro ponto a ser considerado aqui é o título deste texto, referente à separação da vida profis- sional e pública, do artista pessoa e suas obras. Muitos amigos, principalmente amigas, dizem que já não gostam mais das músicas da banda citada, a Apanhador Só. Não gostar da banda, dos seus integrantes, posições políticas, forma de se vestir, como pessoas, é uma coisa, mas mudar de opinião no que se refere ao trabalho deles é outra. Para explicar melhor, vou elencar alguns outros exemplos: Woody Allen, o diretor de cinema, e sou muito fã dos filmes dele, do seu trabalho, etc, mas o que sei dele como pessoa... Oasis, a banda dos irmãos Gallagher nunca foi modelo de simpatia. Inúmeras bri- gas com muita gente, sempre aquela pose arrogante frente a todos, entre outras. Eu não gosto dos caras, mas sim de suas músicas. Charles Bukowski é um dos meus escritores/poetas preferidos, mas está muito longe de ser um exemplo de ser humano, e inclusive boa parte de sua obra é autobiográfica, para não dei- xar dúvidas. John Lennon não foi um cara muito legal não, embora a fase de paz & amor dos seus últimos anos ocultem um pouco isso. Enfim, alguns exemplos para deixar mais clara a discussão proposta. Então, devemos separar ou não? * Agente de intercâmbio e bacharel em Relações Internacionais FARROUPILHA, 25 DE AGOSTO DE 2017 Primeiro Parágrafo Compilando angústias de toda uma geração “Meia-Noite e Vinte”, de Daniel Galera, é nostálgico, saudosista e carrega uma ponta de tristeza e reflexão para a turma que está prestes a se tornar quarentona Ramon Cardoso [email protected] A morte repentina do jovem Andrei Dukelsky, o Duque, um expoente da nova Literatura nacional, duran- te um assalto em Porto Alegre, sua cidade natal, força, da pior manei- ra, o reencontro de uma turma que ganhou certa notoriedade na Capital gaúcha no fi- nal dos anos 90. Além de Duque, Emiliano, Antero e Aurora causaram grande impacto ao produzirem um fanzine eletrônico, o Orangotango, que desper- tou interesse naquela juventude que iniciava a vida acadêmica e se deslumbrava com as possibilidades oferecidas pela revolução tecnológica. O ano de 1999 foi especial para o quarteto, mas depois disso, apesar de todos estarem em áreas da Comunicação, cada um rumou para um lado. E esse reencontro gerado a partir de uma tragédia, irá expor outras. Não definitivas como a morte, mas tragédias pessoais, que apenas poder