Inside
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Fabrício Oliboni
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Pessoal/
Profi ssional
Há alguns dias fiquei sabendo de uma polêmica
envolvendo a banda gaúcha Apanhador Só. Logo
após o lançamento do seu 3º disco, a ex-esposa de
um dos integrantes da banda escreveu um longo
relato no Facebook, onde expõe os supostos abu-
sos da relação que teve com ele, falando em abor-
to, traições e agressões físicas.
O post teve grande repercussão, obviamente, e
com isso a banda se pronunciou brevemente, anun-
ciando o fim temporário de suas atividades, para
que pudessem refletir a respeito do caso e se ex-
plicariam melhor em breve com mais detalhes. Pelo
teor da resposta, logicamente assumiram a culpa
no cartório, não somente do integrante em questão,
mas da banda num todo, que imagino que foi condi-
zente com muito do que foi relatado pela moça.
Importante ressaltar que a mulher em questão
disse que isso tudo já tem alguns anos, e resolveu se
manifestar agora pelo oportunismo da banda em lan-
çar uma música intitulada “Linda, Louca e Livre”, tida
como uma bandeira feminista, o que fica bem longe da
realidade se tudo que foi relatado for de fato verdade.
Hipocrisia e oportunismo, que foram o principal motivo
para tal exposição tardia do ocorrido. Desde então, te-
nho acompanhado um massacre virtual aos integran-
tes da banda, o que não é surpresa alguma, né.
É bom ver o engajamento em defender causas como
essa, a união em prol de um bem comum, a discussão
gerada visando uma maior conscientização, relatos que
encorajam outras mulheres a não ficarem caladas e um
recado de que não há mais espaço para impunidade
com machistas, agressores e similares. Que sirva de
exemplo para que situações como essa sejam cada vez
mais raras, não em matéria apenas de exposição públi-
ca, mas no âmbito geral. Racismo, xenofobia, relacio-
namentos abusivos, homofobia... não há mais espaço
para nada disso e é uma briga de todos, não somente
de quem sofre diretamente com isso.
Outro ponto a ser considerado aqui é o título
deste texto, referente à separação da vida profis-
sional e pública, do artista pessoa e suas obras.
Muitos amigos, principalmente amigas, dizem que
já não gostam mais das músicas da banda citada,
a Apanhador Só. Não gostar da banda, dos seus
integrantes, posições políticas, forma de se vestir,
como pessoas, é uma coisa, mas mudar de opinião
no que se refere ao trabalho deles é outra.
Para explicar melhor, vou elencar alguns outros
exemplos: Woody Allen, o diretor de cinema, e sou
muito fã dos filmes dele, do seu trabalho, etc, mas o
que sei dele como pessoa... Oasis, a banda dos irmãos
Gallagher nunca foi modelo de simpatia. Inúmeras bri-
gas com muita gente, sempre aquela pose arrogante
frente a todos, entre outras. Eu não gosto dos caras,
mas sim de suas músicas. Charles Bukowski é um dos
meus escritores/poetas preferidos, mas está muito
longe de ser um exemplo de ser humano, e inclusive
boa parte de sua obra é autobiográfica, para não dei-
xar dúvidas. John Lennon não foi um cara muito legal
não, embora a fase de paz & amor dos seus últimos
anos ocultem um pouco isso. Enfim, alguns exemplos
para deixar mais clara a discussão proposta.
Então, devemos separar ou não?
* Agente de intercâmbio e bacharel
em Relações Internacionais
FARROUPILHA, 25 DE AGOSTO DE 2017
Primeiro Parágrafo
Compilando angústias
de toda uma geração
“Meia-Noite e Vinte”, de Daniel Galera, é nostálgico, saudosista e carrega uma
ponta de tristeza e reflexão para a turma que está prestes a se tornar quarentona
Ramon Cardoso
[email protected]
A
morte repentina do jovem Andrei
Dukelsky, o Duque, um expoente
da nova Literatura nacional, duran-
te um assalto em Porto Alegre, sua
cidade natal, força, da pior manei-
ra, o reencontro de uma turma que
ganhou certa notoriedade na Capital gaúcha no fi-
nal dos anos 90. Além de Duque, Emiliano, Antero
e Aurora causaram grande impacto ao produzirem
um fanzine eletrônico, o Orangotango, que desper-
tou interesse naquela juventude que iniciava a vida
acadêmica e se deslumbrava com as possibilidades
oferecidas pela revolução tecnológica.
O ano de 1999 foi especial para o quarteto, mas
depois disso, apesar de todos estarem em áreas
da Comunicação, cada um rumou para um lado. E
esse reencontro gerado a partir de uma tragédia,
irá expor outras. Não definitivas como a morte, mas
tragédias pessoais, que apenas poder