Detectives Selvagens 2- Medo | Page 51

Prolixa e nero caminho. Sofia ficava arrumada como uma boneca de porcelana esquecida em cima de naperon, esperando que a criança se lembrasse de lhe pegar. Orestes aprofundava a sua ligação a múltiplas representantes da «Snifa & Snifa», associação de que a prostituta Prolixa era das maiores tributárias, tendo mesmo chegado a ser eleita por diversas vezes «Snifadora do Mês». Entrava em becos escuros, cortiços, adormecia onde calhava, umas vezes no quarto da prostituta, outras no meio da rua ou em bancos de jardim. A prostituta Prolixa, a mesma desdentada com que não conseguia fornicar sem enfiar uma fronha pela cabeça, não era burra. Certo dia, cansou-o e deu-lhe de beber uma água com pós entorpecedores à mistura que o fez cair como uma rocha no colchão. O chulo Nero só teve de entrar em cena, enrolar metro e meio de corda à volta dos braços e das pernas do adormecido, enfiar-lhe uma saca de ráfia pela cabeça e levá-lo de carro para um descampado. O susto foi grande. Orestes acordou a tremelicar de frio, sem saber onde estava. Tentou debalde gritar, tinha a boca tapada, os olhos vendados, levava calduços, pontapés, rebolava dentro da saca e levava mais patadas. Nero falava de narinas tapadas por uma mola de estender a roupa, por ter ouvido dizer que era assim que os profissionais do crime faziam quando não queriam ser reconhecidos. A mola magoava-lhe o nariz, mas tinha de falar daquela maneira. Se não aguentava uma mola 51