Detectives Selvagens 2- Medo | Page 37

A forma do medo que o associavam. Quando Tim O'Connor virou as costas ao que lhe tinham destinado e adoptou a vida que levou consistentemente até ao inominável fim, manteve-se incapaz de se livrar de certas peculiaridades. Por exemplo, com toda a sua libertinagem, possuía ainda assim uma aparência angelical de acólito. Apesar das amizades abjectas que cultivava expressava-se em correctíssimo inglês. A aparência de pureza parecia persegui-lo, independentemente da intensidade com que tentava fugir dela. Nunca estava tão embriagado que não mantivesse um ar distinto, e mesmo os seus credores, que se estavam já habituados às suas decepções, confessavam ser um privilégio conhecer tal cavalheiro. A sua esposa, criatura que aprisionava a sua mente e corpo, acabou por vir a amá-lo pela sua delicadeza, e por alguma qualidade que a confundia e a fazia sofrer com um certo desejo que não conseguia definir. Não que alguma vez definisse algo, a pobre besta! Tinha a pele da cor de um dourado pálido, olhos de um castanho amarelado e tranças cor de palha. Nos seus lábios 37