Detectives Selvagens 2- Medo | Page 16

Madalena serra eu bem me lembro de o pai demorar quase uma hora a escolher as nossas posições, o ângulo da máquina e a iluminação correcta, até ficavam a doer-nos os músculos da cara de estarmos a sorrir durante tanto tempo, lembras-te? O pai quase fazia daquilo um protocolo científico, no entanto, quando a mãe ia à loja pô-las a revelar, voltava sempre com pelo menos duas fotografias do rolo com essa marca. Bom, isto tudo para te dizer que vou passar os próximos meses a estudar este assunto, é imperativo descobrir a sua veracidade, já não consigo pensar noutra coisa. (Rui levanta-se e vai até à única janela da sala e pensativo perscruta o que se passa lá fora.) Ana (ajeita-se impacientemente no sofá) Estás completamente doido. Como é possível teres chegado a este ponto? Rui (vira-se de costas para a janela) Se tivesses tido um sonho tão evidente como o meu, não me chamarias doido. Um, não. Dois. Tive dois sonhos idênticos que me deixaram a pensar neste assunto, tão reveladores que foram, como podes ser tão insensível, incrédula e céptica? (dá alguns passos na direcção da irmã) Como te atreves a tratar-me assim? Foram dois sonhos. Ou visões, ainda não 16