Sofia soares
O livre arbítrio já não existe. Agora tudo o que pensamos
não nos pertence. Tudo o que tocamos nos foge, bem como a
vida com o passar lento, insolente dos anos.
Abrem, então, os portões para que as ovelhas, reunidas,
entrem. Entramos, enfim, em mais um dia que não nos
pertence. E seguimos, obedientes, o leito inerte do rio que
desagua nos olhos de todas as mães, mulheres e irmãs que
choraram o nosso mar português.
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