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rugas que ocupam o rosto e aparecem sem aviso prévio
(porque serão os dias tão iguais), mas em boa verdade,
não tem importância, essas sabe bem que não vão a lado
nenhum, e quando forem é para lhes fazer companhia e
seguir com elas, lá para junto do homem que o Diabo já
levou, foram 27 anos, emparelhados no novelo cinza que
cobre a cabeça, em que cada fio é porção de uma
existência parte vivida, parte roubada, (Joaquim José, dáme impressão que não te fiz feliz) mas a juventude
verdadeira até que é saborosa, é Tango ao sol do fim de
tarde, respira-se como o ar leve da Serra da Arrábida
sobre a toalha quadrangular, estendida com o cesto, claro
que houve também o Carlos e o José João, parcelas do
bom de viver, longe da sombra dos arbustos, do
labiríntico ar mofoso que se foi multiplicando pelos
cantos da sala, onde o tempo passa estanque, impregnado
nos longos reposteiros de veludo creme, no sofá coçado
pela imobilidade e pela inércia de quem pensa, mas já não
age, e de semblante pensativo, faz contas ao tempo
abstracto perante a escassez de espaço, o tempo que urge
faltar para se extinguir, (sou) o testemunho cruel dos
desenterros da memória, o opróbrio das gotículas de suor,
(ácidas) a escorrer pelo (meu pequeno) corpo,
nauseabundo, de sexo que toca na vida, o corpo, vida,
nada será igual, alimenta-se dos sonhos (primeiro) e a
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