juarense
juniores e estava a ser complicado. Não íamos descer, nem
pensar. O Canina dava nas vistas, como todos esperávamos e
o espírito de equipa era aceitável. Alguns, claro, não
aguentaram a pressão e fugiram com o rabo entre as pernas,
deixaram de jogar. Era compreensível. O Marques, pai do
Carlinhos e rei das sucatas, o gajo odiava que o tratassem
assim, queria muito que ficássemos nos três primeiros. Não
podia com ele. Claro que ele mandava naquela merda toda, o
dinheirinho do patrocínio fazia milagres e falava-se que
íamos receber uma camioneta nova, com ar condicionado e
tudo. Nunca lhe vimos a cor. Até que a meio da época
acontece aquilo ao Hugo, uma desgraça pá. O gajo andava a
sentir-se cansado, mas quem é que adivinhava que lhe ia dar
uma coisa daquelas? Tudo normal num treino, ele nem se
enervou nem nada, desta vez, e cai para o lado. Ninguém
ligava às queixas dele. Acho que nem ao médico o
mandámos. Ele era um bocado queixinhas. Fazíamos pouco
dele, até. Parvoíces, pá. Ainda era um gajo novo. Com
família e amigos e de um dia para o outro está um gajo a
apitar para pôr miúdos a jogar à bola e de repente está
estendido no chão, vai desta para melhor, e os que fiquem cá
que continuem e levem esta merda por onde tem que ir, seja
lá para onde isso for. Ficámos em choque. Muitos não
voltaram a treinar. O Canina foi dos que nunca mais
apareceu. O pai do Carlinhos queria dar dinheiro à família
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