juarense
que já estava a sair de campo, uma coisa nunca vista pá. O
Canina a não querer voltar para trás e o capitão a puxá-lo
pela camisola a tentar explicar que ele não tinha sido expulso
e o gajo a baixar a cabeça como que a não querer ouvir.
Depois lá percebeu que não tinha sido expulso e voltou lá
para dentro, o mister aos gritos com ele, ele a encolher os
ombros, mania irritante que tinha pá, a andar como se não
fosse nada com ele. Quando se cruzou com o Carlinhos
olharam um para o outro e acenaram a cabeça um ao outro,
ficou ali uma dívida que o Canina terá guardado, até hoje, se
lhe perguntarem, de certeza que ele ainda se lembra disto,
são daquelas coisas que um gajo não se esquece. Lá subimos,
fizemos uma grande festa no balneário deles, partimos aquilo
tudo pá, tivemos depois de fugir a correr para a camioneta
porque queriam partir-nos a boca toda, e com razão, hoje em
dia não faria uma coisa dessas, uma pessoa partir assim a
casa de quem nos recebe está errado, não é?, éramos
adversários mas não era caso para tanto. Bons tempos, pá.
Na época seguinte começaram a aparecer os olheiros,
pareciam abutres à volta das carcaças, como nos filmes,
prometiam-lhe coisas, coisas que não lhe podíamos dar nem
que ganhássemos o totobola. Parece que ia tirar a barriga da
família de misérias, e quem é que se podia chatear com isso?
Mas ele ia ficando, e ficava mais e mais próximo do mister,
parecia estar sempre a aprender, sempre a tentar perceber as
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