Madalena serra
cerca de nove livros por mês, ultrapassando os cem livros por
ano, interessava-se sobretudo pelos russos e pelos sulamericanos, variando sempre entre os clássicos e a literatura
contemporânea. Como era de prever, o simples facto de
constarem na lista de Teresa autores como Dostoievski,
Bolaño e Cortázar era motivo de gáudio para Henrique. O
único ponto que o desagradava ligeiramente era não constar
poesia nessa lista, Um erro crasso, Teresa, mas que
compreendo em parte, apenas uma semana em Paris é capaz
de não ser o melhor ambiente para leres um bom livro de
poesia, se calhar se fosses por um mês… Exacto, e, se queres
que te diga, tenho lido muita poesia ultimamente, ainda há
duas semanas terminei a compilação da poesia do Ruy Belo
que tanto tempo me tomou, pelo meio ainda li o Como uma
Flor de Plástico na Montra de um Talho, dessa tal Golgona
de que me falaste, lembras-te?, e a Obra Completa de Álvaro
de Campos que saiu este ano, preciso definitivamente de
mudar de género literário.
Após a discussão sobre a inclusão ou não de um livro de
poesia
na
lista,
ficou
estabelecido
que
Teresa
teria
definitivamente de levar um livro de Roberto Bolaño.
Henrique, que sabia que Teresa havia lido Os Detectives
Selvagens no ano anterior, tentou dissuadi-la a trocar Estrela
Distante por A Pista de Gelo, por achar mais adequado.
Teresa após alguns segundos de reflexão, lembrou-se do
12