SÉRGIO MAK COSTA
do estudante germânico, ninguém se atreveu a ir contra o seu
pedido.
Os anos foram passando e o culto à volta da figura de
Jorge
Bonifácio
foi
aumentando.
As
batalhas
legais
sucediam-se, quase todas elas ligadas à exploração de direitos
comerciais da imagem de Jorge Bonifácio, mas isso pouco
interessava à grande massa visitante. Alguns queriam apenas
comprovar que ele de facto existia e havia até agora um
placard junto à Praça que documentava os últimos anos ali
passados por Jorge. Outros havia que queriam tocar-lhe em
busca
de
um
qualquer
poder
de
cura
místico
ou,
simplesmente, uma bênção. É certo que a Igreja mantinha
uma posição defensivamente neutra em relação a tudo o que
tivesse
a
ver
com
Bonifácio,
mas
também
não
o
antagonizavam, dada a crescente devoção por parte de locais
e visitantes.
O
turismo
daquela
zona
tinha
crescido
exponencialmente e, sob supervisão do TOTEM, quase todos
os locais por onde Jorge tinha passado, trabalhado ou
simplesmente tomado uma refeição eram agora Locais
Oficiais da Vida de Jorge Bonifácio. Era possível comprar
réplicas dos seus sacos, com opções que iam do conteúdo
cabaz de Natal até ao conteúdo devoto, pleno de velas e
figuras de devoção à escolha. Também se podia comprar
vestuário à imagem do envergado por Jorge e era agora
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