LOURENÇO BRAY
─ O país, pronto! Vais salvar o país. Nós tiramos-te daí
da prisão, tens de sair daí, ir ao hospital e depois salvas o
país.
─ Quero lá saber do país. O meu plano falhou.
Eles não queriam salvar o planeta nem o país. Queriam
neutralizar a espécie humana com uma espécie de anarquia
catastrófica em que toda a sociedade colapsaria e o Bosque
tomaria conta das ruas, irromperia pelos parques, edifícios
de escritórios em ruínas e museus de história calcinados pelas
minhas explosões. Já notava progressos, antes começavam
esta sequência a falar-me do Universo, Via Láctea, Sistema
Solar e por aí fora, até chegar à Mata de Lisboa. O
Guaxinim pareceu adivinhar o que eu pensava porque saltou
muitas etapas e chegou logo ao cerne da questão.
─ O Bosque. Salvas o Bosque, vá lá, por favor, juntas-te
a nós outra vez, vá lá, vá lá...
Estendeu as patas em súplica, era uma coisa que sabia
fazer muito bem, estendia as patas em minha direcção como
se me quisesse agarrar a cara e ia abrindo e fechando as
garras em torno da ideia que lhe salvaria