Condenando ao atraso
nossas futuras gerações
Édison Carlos
E
m outubro último, comemoramos mais um Dia das Crian-
ças e fomos inundados com campanhas publicitárias volta-
das ao convencimento de pais e filhos por mais roupas,
brinquedos, games, celulares e tantos outros presentes para
“alegrar” a vida dos pequenos. Difícil, no entanto, é comemorar
o fato de no Brasil ainda termos milhares de crianças à margem
das comemorações e que ainda buscam ter acesso ao mais básico
do básico saneamento. Em pleno século 21, são milhares sem
um simples banheiro, além de milhões sem água tratada e convi-
vendo junto aos esgotos.
São vergonhosos os indicadores nacionais de saneamento
básico, num país que está entre as 10 maiores economias do
mundo. Números oficiais do Ministério das Cidades – Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2016) – mostram
que ainda temos cerca de 34 milhões de brasileiros sem acesso à
água tratada, quase metade da população (49%) sem coleta de
esgotos e somente 44% dos esgotos gerados no país são tratados.
Os impactos são visíveis. Milhares de casos de internações por
verminoses e diarréias, esquistossomose, leptospirose, hepatite
A, dengue... Se não bastasse, dados do Ministério da Saúde, publi-
cados recentemente, indicaram que, em 2016, a taxa de mortali-
dade na infância, crianças entre menos de um e 5 anos, registrou
inédita alta, indo de 14,3 para 14,9 casos por 1.000 nascidos vivos
e invertendo uma queda histórica dos últimos 15 anos. Vinte esta-
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