Desfazer as confusões pd52 | Page 99

Condenando ao atraso nossas futuras gerações Édison Carlos E m outubro último, comemoramos mais um Dia das Crian- ças e fomos inundados com campanhas publicitárias volta- das ao convencimento de pais e filhos por mais roupas, brinquedos, games, celulares e tantos outros presentes para “alegrar” a vida dos pequenos. Difícil, no entanto, é comemorar o fato de no Brasil ainda termos milhares de crianças à margem das comemorações e que ainda buscam ter acesso ao mais básico do básico saneamento. Em pleno século 21, são milhares sem um simples banheiro, além de milhões sem água tratada e convi- vendo junto aos esgotos. São vergonhosos os indicadores nacionais de saneamento básico, num país que está entre as 10 maiores economias do mundo. Números oficiais do Ministério das Cidades – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2016) – mostram que ainda temos cerca de 34 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada, quase metade da população (49%) sem coleta de esgotos e somente 44% dos esgotos gerados no país são tratados. Os impactos são visíveis. Milhares de casos de internações por verminoses e diarréias, esquistossomose, leptospirose, hepatite A, dengue... Se não bastasse, dados do Ministério da Saúde, publi- cados recentemente, indicaram que, em 2016, a taxa de mortali- dade na infância, crianças entre menos de um e 5 anos, registrou inédita alta, indo de 14,3 para 14,9 casos por 1.000 nascidos vivos e invertendo uma queda histórica dos últimos 15 anos. Vinte esta- 97