Desfazer as confusões pd52 | Page 81

A lógica dos investimentos cruzados nas ferrovias do Brasil Marco Aurélio Barcelos Tarcísio Gomes de Freitas A necessidade de expandir e de melhorar a malha ferroviá- ria brasileira está hoje no centro das atenções. O assunto ganhou força depois da greve dos caminhoneiros e, mais ainda, com os anúncios recentes do governo federal sobre inves- timentos a serem gerados mediante a prorrogação antecipada de contratos de concessão de ferrovias existentes. Esses anúncios representam bem mais do que uma resposta à percepção trazida pela paralisação dos caminhoneiros (a de que o transporte de cargas no Brasil seria precário e instável). Eles são, na verdade, o resultado de um esforço que se iniciou há mais de dois anos, e os frutos acabaram coincidindo com os acontecimen- tos dos últimos meses. Poucas pessoas se dão conta disso, mas está em uma lei, datada de junho de 2017, a mecânica que permite ao governo federal nego- ciar com as concessionárias de ferrovias a prorrogação dos seus contratos antes de seu término. Trata-se da Lei n° 13.448/17, prove- niente da Medida Provisória n° 752, de 24 de novembro de 2016. Atualmente, cinco concessões (Rumo, FCA, MRS e duas conces- sões da Vale) estão em processo de negociação dos prazos de dura- ção, que terminariam em aproximadamente 10 anos. É muito engenhosa a mecânica que admite trazer para o momento presente a repactuação do prazo de tais contratos. Duas vantagens, pelo menos, decorrem daí. Primeiro, os contratos prorrogados passa- rão por uma importante melhoria regulatória, com a inclusão, por exemplo, de novas metas de segurança e de qualidade dos serviços. Segundo, será possível obter, como contrapartida à prorrogação, investimentos imediatos nas malhas concedidas ou, até mesmo, em outras malhas do Subsistema Ferroviário Nacional. Este último caso traduz o que se chama de "investimentos cruzados". Por meio deles, concessionárias cujos contratos serão prorrogados assumirão a obrigação de construir novas linhas ferroviárias, mesmo em outras regiões do país. As novas linhas, Empregos passam pela educação 79