o mundo cresceu 22%, a China 71% e os emergentes (retirando
China e Brasil) cresceram 23%.
Crises econômicas como a que vivemos podem, em teoria,
impor apenas restrição temporária à produção e levar a forte
crescimento no futuro, compensando o declínio inicial. Este
resultado dependerá de as crises gerarem reformas políticas e
econômicas benéficas ao crescimento. No nosso caso, consegui-
mos emplacar reformas muito importantes como o teto de gastos,
o fim da TJLP, a reestruturação da Petrobrás, a reforma traba-
lhista, mas fomos abortados por diversos escândalos de corrup-
ção que impediram a mais importante das reformas, a da Previ-
dência, e a continuidade da agenda liberal. Tivemos um governo
liberal de curta duração e passamos pela maior incerteza eleito-
ral do período democrático, com a agenda de reformas sendo
duramente criticada pelos candidatos da esquerda.
Apesar da falta de crescimento, o Brasil sai das eleições com
uma taxa de juros real baixa e estimulativa, inflação sob controle,
subsídios fiscais controlados, balanço de pagamentos em situação
bastante confortável, confiança em ritmo de reto- mada e algumas
privatizações em andamento, ou seja, engati- lhado para uma
recuperação cíclica. Tudo vai depender do grau de confiança dos
investidores e dos consumidores na capacidade fiscal do Brasil,
nos próximos anos. Sem o ajuste fiscal, não existe juro real baixo,
inflação controlada, entrada de capitais e investimento externo.
Já o crescimento potencial da economia, a taxa com a qual
podemos crescer sem gerar inflação, vai depender do avanço não
apenas de reformas que visem ao ajuste fiscal, mas também de
reformas microeconômicas que aumentem a produtividade da
economia, estagnada desde a década de 80. Neste aspecto, a recu-
peração cíclica pode alavancar a possibilidade de fazer tais refor-
mas. Melhorar a qualidade da educação, aumentar o investimento
em infraestrutura, diminuir a burocracia no ambiente de negó-
cios, expor a economia à competição externa e tornar o setor
público mais eficiente são fundamentais para a economia não
continuar andando de lado.
Recuperação cíclica e crescimento sustentável de médio prazo
são muitas vezes confundidos. Eles podem vir juntos ou não.
Não necessariamente o segundo vem na esteira do primeiro.
Entretanto, recuperação cíclica sempre facilita o aumento do
Estamos prontos para crescer?
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