Estamos prontos para crescer?
Solange Srour Chachamovitz
O
período eleitoral trouxe consigo diversas dúvidas e incer-
tezas. Será que o Brasil terá uma recuperação cíclica que
diminua nosso enorme desemprego? Será que temos, de
fato, capacidade de crescer sem gerar inflação e forte aperto da
política monetária? Qual será a nova taxa de crescimento que
nossa economia pode sustentar em médio prazo? As respostas
a essas perguntas serão dadas nos próximos meses. Tudo vai
depender das ações de curto e médio prazo do próximo governo.
A desorganização econômica resultante dos últimos anos do
governo Dilma, com a implementação da chamada nova matriz
econômica, teve efeitos muito menos temporários do que o imagi-
nado. O intervencionismo estatal, o aumento substancial dos gastos
públicos e o descontrole da inflação tiveram impactos profundos no
nível de confiança dos empresários e consumidores e, consequente-
mente, na taxa de investimento e no consumo agregado.
O governo Temer começou com uma agenda bastante positiva
para o crescimento, mas não conseguiu colher os frutos. A fraca
capacidade de reação da economia gerou enorme sensação de
perda de potencial do Brasil em crescer. A economia não pegou no
tranco definitivamente. Tivemos queda do PIB real de quase 6%,
considerando-se o pico dessa série em março de 2014. Estamos
hoje com o mesmo nível de PIB real de junho de 2011. O Brasil
ficou parado no tempo por quase oito anos. Nesse mesmo período,
63